Varejo cresce 8% em junho, mas cai 7,8% no segundo trimestre

Segundo o IBGE, o setor vem se recuperando do baque registrado na pandemia do novo coronavírus. Porém, ainda fechou o semestre no vermelho

Marina Barbosa
postado em 12/08/2020 09:30 / atualizado em 12/08/2020 10:01
 (crédito: Divulgação/IBGE)
(crédito: Divulgação/IBGE)

As vendas do varejo brasileiro cresceram 8% em junho, dando seguimento ao processo de recuperação da crise do novo coronavírus. Ainda assim, tiveram o pior trimestre da história entre abril e junho deste ano por conta da pandemia, com uma contração de 7,8%.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a pandemia de covid-19 provocou um tombo recorde de 17% nas vendas do varejo brasileiro em abril deste ano - o mês mais intenso do isolamento social. Porém, o setor também apresentou uma taxa recorde de recuperação de 14,4% em maio e mais um avanço de 8% em junho, acima das expectativas do mercado.

O crescimento de junho reflete o retorno das atividades varejistas diante da flexibilização da quarentena e também a acomodação do comércio brasileiro ao novo normal, com o crescimento do e-commerce. E foi ainda maior no comércio varejista ampliado, que considera a venda de veículos e materiais de construção: 12,6%.

"Pelo segundo mês consecutivo, os resultados mostraram menos impacto do quadro de isolamento social no comércio. Do total de empresas coletadas pela pesquisa, 12,9% relataram impacto nas receitas de junho por conta das medidas de isolamento social, valor 5,2 pontos percentuais abaixo dos números de maio e 15,2 pp abaixo de abril", contou o acrescentou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos. Ele lembrou, contudo, que "os resultados positivos eram esperados porque viemos de uma base de comparação muito baixa, que foi o mês de abril".

Atividades

Segundo o IBGE, só uma das dez atividades varejistas pesquisadas não teve resultado positivo em junho. Foi a venda de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,7%), que não foi tão impactada pela pandemia e não sofreu tanto quanto os demais setores nos meses anteriores.

Fora isso, foram observados crescimentos de 69,1% na venda de livros, jornais, revistas e papelaria; 53,2% em tecidos, vestuário e calçados; 31% em móveis e eletrodomésticos; 26,1% em outros artigos de uso pessoal e doméstico 22,7% em equipamentos e material para escritório, informática e comunicação; 5,6% em combustíveis e lubrificantes; e 0,7% em hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. Já no comércio varejista ampliado, foram registrados altas de 35,2% na venda de veículos, motos, partes e peças e de 16,6% em material de construção em junho, ante maio.

Ano x ano

Em junho de 2020, o varejo ainda registrou um resultado positivo frente ao mesmo período do ano passado. "Na comparação do mês de junho de 2020 com junho de 2019, o comércio varejista assinalou crescimento de 0,5%, enquanto que esse valor havia sido de -6,4% em maio. Esse dado de julho é a primeira taxa no campo positivo após três quedas consecutivas", comentou Santos.

A alta, contudo, foi apenas do comércio varejista restrito. Isso porque o comércio varejista ampliado ainda registra um recuo de 0,9% em relação a junho de 2019, devido à redução das vendas de veículos (-13,7%).

Acumulado

Apesar da recuperação registrada em junho, o comércio varejista fechou o segundo trimestre deste ano no vermelho devido ao baque registrado no início da pandemia. Segundo o IBGE, o setor registrou um tombo recorde de 7,7% no segundo trimestre deste ano. A queda foi ainda maior no comércio varejista ampliado: -12,1%. E esses resultados devem impactar o PIB do Brasil no segundo trimestre do ano - indicador que, segundo os analistas, vai ditar o ritmo do crescimento brasileiro neste ano.

Segundo o IBGE, desde o início de 2017, o varejo não apresentava resultado negativos no acumulado trimestral. E, agora, o recuo foi praticamente generalizado. Só as vendas de alimentos (6,8%) e artigos farmacêuticos (1,7%) não caíram, já que foram consideradas atividades essenciais e continuaram funcionando mesmo na quarentena.

O baque sofrido no início da quarentena foi tão grande que contaminou todo o semestre. De acordo com o IBGE, o varejo registrou uma queda de 3,1% no primeiro semestre deste ano. O recuo é o maior desde o segundo semestre de 2016 (-5,6%) e chega a -7,4% no comércio varejista ampliado.

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