Após debandada no Ministério da Economia, Bolsonaro defende privatizações

O presidente defendeu a privatização de ‘'empresas deficitárias'’ e afirmou que o país está ‘'inchado’'

Ingrid Soares
postado em 12/08/2020 12:20 / atualizado em 12/08/2020 12:25
 (crédito: Mauro Pimentel/AFP)
(crédito: Mauro Pimentel/AFP)

Após a debandada no ministério da Economia, ocorrida ontem após os secretários especiais Salim Mattar (Desestatização e Privatização) e Paulo Uebel (Desburocratização, Gestão e Governo Digital) deixarem a pasta, o presidente Jair Bolsonaro utilizou as redes sociais, nesta quarta-feira (12/8), para tentar diminuir o impacto das saídas. Ele defendeu a privatização de ‘empresas deficitárias’ e afirmou que o país está ‘inchado’.

“Os desafios burocráticos do estado brasileiro são enormes e o tempo corre ao lado dos sindicatos e do corporativismo e partidos de esquerda. O estado está inchado e deve se desfazer de suas empresas deficitárias, bem como daquelas que podem ser melhor administradas pela iniciativa privada”, escreveu o chefe do Executivo.

O presidente criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que barrou a venda de estatais sem anuência do Parlamento. “Privatizar está longe de ser, simplesmente, pegar uma estatal e colocá-la numa prateleira para aquele que der mais "levá-la para casa." Para agravar o STF decidiu, em 2019, que as privatizações das empresas "mães" devem passar pelo crivo do Congresso”, completou.

Bolsonaro ainda justificou que não é possível atender a todos os ministros que pedem mais recursos para investimentos e fez um aceno ao ministro da Economia, Paulo Guedes ao defender o teto de gastos. “Num orçamento cada vez mais curto é normal os ministros buscarem recursos para obras essenciais. Contudo, nosso norte continua sendo a responsabilidade fiscal e o teto de gastos”.

Na tentativa de minimizar a saída dos auxiliares da Economia, o mandatário apontou que “em todo o governo, pelo elevado nível de competência de seus quadros, é normal a saída de alguns para algo que melhor atenda suas justas ambições pessoais. Todos os que nos deixam, voluntariamente, vão para uma outra atividade muito melhor."

Por fim, Bolsonaro destacou que o governo conseguiu aprovar a reforma da previdência em tempo recorde, além de reduzir taxas de juros e ter conseguido o congelamento do aumento salarial de funcionários públicos. “Em tempo recorde fizemos a reforma previdenciária, as taxas de juros se encontram nos inacreditáveis 2% e os gastos com o funcionalismo está contido até o final de 2021. O Presidente e seus Ministros continuam unidos e cônscios da responsabilidade de conduzir a economia e os destinos do Brasil com responsabilidade”, concluiu.

Saídas

De acordo com Guedes, Salim e Uebel pediram demissão por estarem insatisfeitos com falta de resultados em suas respectivas pastas. No caso de Salim, dono da Localiza, a justificativa da saída ocorreu porque ele não conseguiu entregar os projetos de privatizações e ficou insatisfeito com o ritmo determinado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Já Uebel pediu para deixar o governo porque a reforma administrativa foi adiada e ele disse ao ministro que preferia sair, após o presidente sinalizar que não tinha interesse em tocar a proposta neste ano e, provavelmente, no próximo.

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