Uma das barreiras para serviços digitais do Brasil é a corrupção, diz CAF

Estudo apontado pelo banco de desenvolvimento regional mostra o país em 4º lugar em ranking de 16 países ibero-americanos e indica necessidade de avanços regulatórios e tecnológicos

Rosana Hessel
postado em 13/08/2020 11:46 / atualizado em 13/08/2020 11:46
 (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Apesar de estar bem colocado em um ranking de 16 países que avalia o nível de desenvolvimento em tecnologias digitais governamentais, o Brasil ainda mostra que está em um processo lento de digitalização e uma das principais barreiras é a corrupção.

Essa é uma das conclusões do primeiro Índice Govtech da Iberoamérica, desenvolvido pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). O Brasil ficou em 4º lugar, atrás de Espanha, Portugal e Chile. O indicador analisa a maturidade dos ecossistemas nos quais startups e pequenas e médias empresas inovadoras trabalham com governos para resolver problemas públicos mediante o uso de dados e tecnologias digitais.

“O Brasil vai bem comparado com outros países, mas ainda é visto como ineficiente e corrupto”, destacou Marcelo Fachina, executivo principal da Diretoria de Inovação Digital do Estado do CAF, durante entrevista virtual a jornalistas realizada nesta quinta-feira (13/08) para comentar os dados do Brasil no estudo que será publicado anualmente para uma comparação mais apurada.

A nota para o GovTech vai de zero a 10 e a Espanha, que ocupa a primeira colocação teve pontuação de 6,6. Portugal, de 6,2; Chile, de 5,3; e Brasil, de 5,26. México, em quinto lugar, ficou com 5,2. Na lanterna, ficou a Venezuela, com nota 2,3.

A pesquisa utiliza três pilares para avaliação: Startups, Governo e Compras Públicas. O Brasil alcançou pontuação de 5,16, no pilar Contas Públicas, ficando abaixo da média regional, que foi de 5,45. Uma das explicações para o índice é a falta de confiança nos processos de compras governamentais, impactados negativamente pelos escândalos de corrupção do passado. Embora exista uma legislação robusta sobre o tema, é comum que os processos de compras sejam objeto de investigações. Espera-se que aprovação do Marco Legal das Startups, prevista para curto prazo, crie um impacto positivo no ambiente de compras governamentais brasileiro.

No pilar Startups, o país teve maior pontuação no primeiro pilar, de 5,77, enquanto a média regional foi de 3,41. “O Brasil se destaca por ter o maior número de de startups na América Latina e o país tem mostrado avanços no desenvolvimento e na aprovação de novas leis de compras públicas. O governo tem um compromisso com a digitalitalização”, destacou o técnico do CAF.

Debandada

Na avaliação de Fachina, apesar da recente crise no Ministério da Economia com a debandada de integrantes da equipe chefiada pelo ministro Paulo Guedes, a saída do secretário especial de Desburocratização, Paulo Uebel, que cuidava dessa agenda focada no governo digital, não haverá comprometimento dos processos de digitalização de serviços em curso, o que é um fator positivo apontado no estudo. “A mudança na pasta, do ponto de vista de demanda por serviços digitais, não desacelera e deve continuar. Não vejo interferência no avanço desse trabalho”, afirmou. Ele lembrou que o governo federal é um grande garantidor e empréstimos para o desenvolvimento em tecnologias digitais locais de governos estaduais e de prefeituras.

Contudo, de acordo com o estudo do CAF, o Brasil teve pontuação de 4,84 no pilar Governo, pouco acima da média regional, de 4,62. Foi o menor resultado nos três pilares analisados. Segundo o documento, preocupa o fato de a Estratégia Brasileira para a Transformação Digital não ter mencionado o tema GovTech.

Jaime Holguín, representante do CAF no Brasil, destacou que o CAF é um banco de desenvolvimento regional e tem 19 países como sócios e uma carteira de US$ 27 bilhões. O Brasil é um dos acionistas há 25 anos, metade da idade da instituição e tem uma participação de US$ 2,2 bilhões, sendo que a aprovação anual de recursos gira em torno de US$ 1,6 bilhão por ano.

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