Sachsida: alta dos serviços mostra que o PIB vai cair menos que 5% em 2020

A Secretaria de Política Econômica calcula uma queda de 4,7% para o PIB do Brasil em 2020 e acredita que as projeções do mercado vão convergir para esse número

Marina Barbosa
postado em 13/08/2020 16:02
 (crédito: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP)
(crédito: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP)

O início do processo de recuperação do setor de serviços, que cresceu 5% em junho segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reforça a projeção do governo federal de que a economia brasileira vai sofrer um baque menor que 5% neste ano. A avaliação é do secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida.

"O dado de serviços confirma nossa projeção", afirmou Sachsida. A Secretaria de Política Econômica (SPE) acredita que o PIB do Brasil vai sofrer um tombo de 4,7% em 2020 e manteve essa projeção mesmo quando organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional projetaram quedas próximas a 9% para a economia brasileira em 2020, devido à crise do novo coronavírus.

"As projeções de -9% não tinham o menor espaço. Há um mês, nós falamos que essas projeções teriam que ser revistas. E os dados estão vindo em linha. O Focus já está em -5,6% e vai convergir para um número abaixo de 5% este ano", declarou Sachsida. Para ele, as projeções do PIB do segundo trimestre também serão revistas, saindo dos dois dígitos para um número mais próximo de 9,5%, como projeta o governo.

Analistas reconhecem que a atividade econômica surpreendeu, mostrando dados melhores que o esperado em maio e junho. Por isso, dizem que as projeções mais negativas refletiam as incertezas causadas pela pandemia e de fato devem ser revistas. A expectativa é que o mercado leve a projeção do PIB de 2020 para algo mais perto de -5% nas próximas semanas.

Auxílio

O secretário de Política Econômica acredita que a recuperação da economia brasileira tem sido positiva por contas das medidas anunciadas pelo governo com o intuito de "preservar empregos e empresas" durante a pandemia do novo coronavírus. "Mostra que as medidas deram excelentes resultados", comentou.

Porém, discorda dos analistas que temem que essa retomada perca força após o fim de programas como o auxílio emergencial, que ajudou a sustentar a recuperação de setores como o comércio em maio e junho.

"Tem outras medidas chegando. O [saque emergencial do] FGTS vai jogar R$ 36 bilhões na economia. A taxa de juros está na mínima histórica, o que faz com que as pessoas tirem dinheiro da renda fixa para investir em negócios, imóveis e ações no mercado, gerando investimentos na economia. Além disso, aprovamos o marco legal do saneamento, que será uma revolução em investimentos. E temos uma série de marcos legais a caminho, como o PL do Gás e o BR do Mar, para dar mais segurança jurídica ao investidor", argumentou Sachsida.

Apesar de não querer falar muito sobre os rumos dos programas de renda básica, o secretário ainda assegurou que novas medidas também estão no caminho para amparar os brasileiros de baixa renda e os trabalhadores informais no pós-pandemia.

Após a recente debandada de secretários do Ministério da Economia, a equipe econômica reforçou o discurso de que não há espaço fiscal para manter o auxílio emergencial. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também bateu nessa tecla após reunião com Guedes.

Porém, a apresentação do Renda Brasil - programa que, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, vai substituir o Bolsa Família e o auxílio emergencial no pós-pandemia -, ainda depende de uma decisão política de Guedes e do presidente Jair Bolsonaro, que, antes da atual crise na equipe econômica, estudava prorrogar novamente o auxílio emergencial, por conta dos benefícios político e econômicos da medida.

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