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Correio Braziliensevicentenunes.df@dabr.com.br VICENTE nUNES (INTERINO)
postado em 14/08/2020 00:04

O grosso das aplicações dos brasileiros está em títulos públicos. Somente nos fundos de investimentos, R$ 1,042 trilhão está em papéis emitidos pelo Tesouro Nacional. Nos planos de previdência, R$ 1,015 trilhão

 

 

Os riscos para os poupadores se o governo estourar o teto de gastos

A polêmica em torno do teto dos gastos públicos, que está tirando o sono do ministro da Economia, Paulo Guedes, parece distante do cidadão comum, mas é muito bom que todos fiquem alertas. O tema tem a ver, diretamente, com aqueles que investem o suado dinheiro em fundos de renda fixa, em planos de previdência e no Tesouro Direto, pensando, sobretudo, na aposentadoria. Nessas aplicações, está o grosso da poupança dos brasileiros. Em fundos de investimentos, R$ 1,042 trilhão está aplicado em títulos públicos. Nos planos de previdência, R$ 1,015 trilhão.

O teto dos gastos é importante para que o governo contenha a sanha de gastança. Impede que o endividamento do setor público saia do controle, o que provocaria uma onda enorme de desconfiança, com a volta da inflação, a disparada dos juros e, pior, o risco de calote. Tudo o que o país viveu em um passado recente. Por enquanto, nada indica que esse quadro de horror esteja no radar de curto e médio prazos. Mas, infelizmente, entrou no horizonte de quem acompanha o desempenho das contas públicas.

Não por acaso, as taxas futuras de juros, por meio das quais os investidores projetam, ao longo dos anos, o custo do dinheiro, estão em disparada há dois dias. Quem negocia esses contratos passou a embutir em suas estimativas o perigo de o governo ceder à tentação da gastança, como alertou Paulo Guedes, se o presidente Jair Bolsonaro seguir o conselho dos ministros “fura-teto”. Somente ontem, nos contratos com vencimento em janeiro de 2023, os juros subiram de 3,95% para 4,01% ao ano. Naqueles com vencimento em janeiro de 2025, as taxas pularam de 5,71% para 5,84% anuais. Nos de janeiro de 2027, o salto foi de 6,71% para 6,89% ao ano.

Esse aumento dos juros já se reflete na dívida pública. Mesmo antes de a guerra enfrentada pela equipe econômica ganhar os holofotes, o Tesouro Nacional já vinha registrando dois movimentos perigosos: custo mais alto para colocar títulos no mercado e encurtamento dos prazos dos papéis. De maio para junho, os vencimentos da dívida em 12 meses atingiram 23,3% do total. No geral, o prazo médio do endividamento público caiu para apenas 3,87 meses. Significa dizer que, em menos de quatro anos, o governo precisa refinanciar toda a sua dívida, atualmente de R$ 4,4 trilhões. Os juros médios alcançaram, no mesmo período, 9,04% anuais, mesmo com a taxa básica (Selic) estando em 2% ao ano, piso histórico.

Tudo isso pode parecer técnico demais. Mas, o resumo é muito simples: se o governo desrespeitar o teto de gastos, ampliar as despesas além da conta, a dívida pública explodirá e o risco de quem poupa em títulos públicos, seja por meio de fundos de investimentos, seja por intermédio de planos de previdência, aumentará muito. Portanto, a ordem é vigilância total sobre o presidente Bolsonaro, que está vestindo um modelito populista, de olho em um único objeto: a reeleição.

 

Bolsonaro deve descartar Mourão como vice em 2022
Os empresários começam a se dar conta de que podem perder um de seus principais interlocutores no governo caso Jair Bolsonaro seja reeleito em 2022. Pelo que ouvem nos corredores do Palácio do Planalto, o general Hamilton Mourão não será mantido como vice na chapa que irá para as urnas nas próximas eleições. Bolsonaro acredita que Mourão é independente demais e não agregará votos. As opções para vice estão no Centrão, que reúne os partidos mais fisiológicos do Congresso, e no grupo ideológico, caso o presidente precise de um contraponto ao figurino paz e amor para manter o apoio dos eleitores mais radicais. Ciente de que já está sendo descartado, Mourão sonha com o governo do Rio Grande do Sul, seu estado natal.



Enfim, a Magalu desembarca no DF
Depois de ser atropelada pela pandemia do novo coronavírus, a rede varejista Magazine Luiza retomou os planos de abertura de lojas no Distrito Federal e no Entorno. No total, estão previstos 18 pontos de vendas, sendo 11 na capital do país, dos quais, sete devem ser inaugurados ainda neste mês, a princípio, em 20 de agosto. Das cidades próximas ao DF, serão contempladas Valparaíso de Goiás, Planaltina de Goiás, Novo Gama e Águas Lindas de Goiás. Por causa do momento dramático que vive o país, não haverá tanta bateção de bumbo, como se havia planejado. O xodó do grupo é a loja do Conjunto Nacional. A Magalu pagou R$ 3 milhões em luvas para desalojar o espaço ocupado por anos pela Polyèlle.

 

Novo capitalismo e o meio ambiente
Ditando as regras do novo capitalismo, cada vez mais as boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, em inglês) são observadas com atenção pelos investidores. Segundo análise da assessoria financeira global Duff & Phelps, se o Brasil passar uma impressão de que está ficando para trás nesse assunto, haverá fuga de investimentos estrangeiros do país. Para o diretor executivo da empresa, Alexandre Pierantoni, é necessário demonstrar ao mundo que o Brasil se importa e está tomando medidas sérias para proteger o meio ambiente. “Acredito que o governo tenha a consciência da preservação dos nossos principais ativos ambientais, como a Amazônia. Porém, é preciso demonstrar ao mundo que se importa e que está tomando as medidas necessárias para sua preservação”, disse durante o evento Brazil-Florida Business Council.

 

Rapidinhas

• A fusão da INVX Global com a JF Trust começa a colher resultados. Os fundos administrados pela gestora contabilizaram R$ 110 milhões. A JF Trust prioriza investidores pessoas jurídicas, empresas e fundos de pensão, principalmente. O economista-chefe da instituição, Eduardo Velho, explica que, para maximizar os ganhos dos investidores, foi montada uma ampla rede de análises macroeconômica e política.

• A Copapa (Companhia Paduana de Papéis) lançou o Carinho Eco Green, o primeiro papel higiênico do Brasil sustentável em todas as etapas. A principal característica do produto é o fato de todos os itens que vão para a casa dos consumidores serem compostáveis, inclusive o plástico da embalagem. O produto superou a meta inicial de vendas em 60% nos mercados do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Minas Gerais e do Espírito Santo e, agora, chega ao Distrito Federal. Os investimentos para a produção do Eco Green somaram R$ 10,2 milhões.

• Cuidar da saúde mental é a grande estrela da vez no universo corporativo. Em tempos tão desafiadores e de instabilidade global, as empresas mais antenadas promovem ações disruptivas para promover o bem-estar dos funcionários. Nesse sentido, a Bradesco Seguros investiu em treinamentos, palestras e eventos virtuais em áreas como gestão emocional e qualidade de vida, o mindfulness.

 

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