CB.AGRO

Menos imposto para o leite

Presidente de Abraleite, Geraldo Borges observa que o aumento da produtividade do segmento depende da simplificação do sistema tributário e da redução das taxas sobre importação de equipamentos. E diz que o ministro Paulo Guedes está atento às demandas

Israel Medeiros*
postado em 15/08/2020 01:18
 (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press                               )
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press )

É preciso diminuir ou dar isenção de tributos para que a cadeia de produção de leite seja mais competitiva. É o que defende Geraldo Borges, presidente da Associação de Produtores de Leite (Abraleite). Em entrevista ao CB.Agro — uma parceria do Correio com a TV Brasília —, ele disse acreditar que o ministro da Economia, Paulo Guedes, está atento às preocupações do setor e que é possível evoluir nas conversas em torno da reforma tributária.

Na última semana, Guedes participou de uma live sobre o setor leiteiro ao lado da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, organizada pela Frente Parlamentar Agropecuária (FPA). Na ocasião, o ministro ressaltou que a reforma simplificará os pagamentos de impostos. Para Borges, o fato de Guedes ter participado do evento é positivo.

“Paulo Guedes realmente está entendendo. A participação dele demonstra interesse em nos ouvir. Nós esperamos que sejam implementadas ações, por exemplo, na importação de equipamentos de produção que não temos no país. Queremos que esses produtos sejam isentos ou tenham diminuição de tributos para tornar a cadeia mais competitiva. Às vezes, o produtor paga até 40% de imposto, fora a manutenção. Isso dificulta o investimento”, desabafou.

Para o presidente da Abraleite, Guedes tem se mostrado maleável, o que deve possibilitar avanço nas conversas com o governo sobre impostos. “Há uma preocupação do setor produtivo como um todo, esperando-se que essa reforma não traga mais problemas. O setor agropecuário precisa ser elogiado, por trazer resultados maravilhosos para o país. É um setor que cresceu durante a pandemia, a maioria dos setores alimentícios teve ganhos nesse período. E o leite precisa entrar nessa agenda positiva”, defendeu.

Consumo
Borges destacou que o país é o terceiro maior produtor mundial de leite. Ele acredita que é preciso ampliar o consumo do produto no país, que ainda é baixo, comparado ao de outras nações. “Nosso consumo per capita é em torno de 170 litros por ano, considerando todos os produtos lácteos como litros de leite. É muito abaixo de países europeus, que chegam a 300 ou 360 litros anuais. Podemos expandir esse consumo nacional, mas isso depende de alguns fatores. Um deles é o econômico.”

Ele afirmou que há esperança do setor de que a economia nacional voltará a crescer em breve. “Isso ajuda a demanda, certamente. A produção está sendo muito bem trabalhada e organizada para que o Brasil também seja um grande exportador. São ações para melhorar nossa competitividade. Para isso, precisamos diminuir os custos de produção, industrialização e transporte”, disse.

Problemas
Geraldo Borges afirmou, ainda, que um dos principais problemas do setor durante a pandemia foi o fato de que muitas pessoas fizeram estoques de alimentos, temendo desabastecimento. “Tivemos dificuldades pontuais em bacias leiteiras de algumas regiões. Normalmente, foram pequenos laticínios e cooperativas, que, por sua vez, compram de produtores pequenos — que tiveram dificuldades em escoar a produção. A Abraleite, com outras instituições e o Ministério da Agricultura, trabalhou para sanar esses problemas em março e abril. Conseguimos equilibrar a distribuição do leite entre indústrias de maneira segura. Não houve desperdício nem desabastecimento”, comemorou.

Uma solução adotada para evitar desperdícios, explicou Borges, foram os acordos para distribuição do leite a famílias carentes. Outra preocupação do setor é com a qualidade e segurança dos alimentos. Ao comentar sobre as amostras de frango supostamente contaminadas por covid-19 na China, ele afirmou que, no setor leiteiro, a segurança foi uma preocupação central desde o início da pandemia.

“Desde o início, nossas instituições orientaram os produtores e não tivemos problemas com contaminação nem nas propriedades, nem nas agroindústrias produtoras. Nós temos reuniões todos os sábados com o Ministério da Agricultura, das quais as principais instituições do setor participam. Essas reuniões foram muito importantes para discutirmos a implantação de normas de segurança, seguindo o que os órgãos públicos recomendaram para os alimentos”, completou.

*Estagiários sob a supervisão de Odail Figueiredo

“Às vezes, o produtor paga até 40% de imposto, fora a manutenção. Isso dificulta o investimento”

Geraldo Borges,
presidente da Associação de Produtores de Leite


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Frango é barrado pelas Filipinas

 (crédito: AFP - 30/3/20)
crédito: AFP - 30/3/20

Após a cidade chinesa de Shenzen informar, na quinta-feira, que detectou vestígios do novo coronavírus em amostras de asas de frango, as Filipinas decidiram, ontem, suspender a importação de frango do Brasil. A medida foi anunciada pelo Departamento de Agricultura das Filipinas. Cerca da 20% da carne de frango importada pelo país são de origem brasileira.

“Com os relatórios recentes da China e em conformidade com a Lei de Segurança Alimentar do país para regulamentar os operadores de empresas de alimentos e proteger os consumidores filipinos, é imposta a proibição temporária da importação de carne de frango”, divulgou o governo das Filipinas.

Consultado, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento não quis se pronunciar, alegando que, até o momento, não foi notificado pelas autoridades do país asiático.

Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse que ainda não foi informada oficialmente sobre eventual suspensão das exportações brasileiras de aves para as Filipinas. “Se confirmada, a ABPA apoiará o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para a apresentação dos esclarecimentos, já que se trataria de uma decisão sem fundamentação técnico-científica e pendente de esclarecimentos e demonstrações”, informa a entidade.

A ABPA destaca na nota que não há evidências científicas de que a carne seja transmissora do vírus, conforme ressaltam a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Ao mesmo tempo, o setor exportador brasileiro reitera que todas as medidas para proteção dos trabalhadores e a garantia da inocuidade dos produtos foram adotadas e aprimoradas ao longo dos últimos meses, desde o início da pandemia global”, explicou a ABPA.

Na última quinta-feira, o chefe do programa de emergências da OMS, Michael J. Ryan, afirmou que as chances de contaminação por coronavírus via alimentos são pequenas. “As pessoas não devem temer alimentos, embalagens de alimentos ou entrega de alimentos. Não há evidências de que a cadeia alimentar participe da transmissão desse vírus”, disse.

“Não acreditamos que o coronavírus possa ser transmitido através de alimentos”
Michael J. Ryan, chefe do programa de emergências da OMS


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