NOEC

44,8% das empresas foram afetadas negativamente pela pandemia, diz IBGE

Os dados são da Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, que integram as Estatísticas Experimentais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Vera Batista
postado em 18/08/2020 10:14 / atualizado em 18/08/2020 11:39
 (crédito: Divulgação/Creci MT)
(crédito: Divulgação/Creci MT)
Quatro em cada 10 empresas sofreram com os efeitos negativos da covid-19 no país na primeira quinzena de julho. Dos 2,8 milhões das que estavam em funcionamento, 44,8% sentiram fortes impactos em suas atividades, enquanto para 28,2% o efeito foi pequeno ou inexistente e para 27%, positivo. Entre as empresas, 47% tiveram dificuldade em manter os pagamentos de rotina durante a pandemia, oito em cada 10 mantiveram os funcionários e as maiores foram as que receberam mais ajuda do governo para enfrentar a crise sanitária.
Os resultados fazem parte da terceira rodada da Pesquisa Pulso Empresa, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que acompanha os principais efeitos da pandemia nas empresas não financeiras.

As empresas do setor de serviços foram as que mais se ressentiram (47%), com destaque para o segmento de serviços prestados às famílias (55,5%). No comércio, 44% relataram efeitos negativos e na construção, 38%. No setor industrial, 42,9% destacaram impacto negativo, enquanto para 33,1% o efeito foi pequeno ou inexistente e para 24,1%, foi positivo. Entre as regiões, o Centro-Oeste teve o maior impacto negativo (51%), seguido pelo Norte (48,1%) e Sul (47,2%).

As pequenas empresas (até 49 funcionários, o maior contingente da amostra) foram as mais afetadas: de 2,7 milhões de empresas nessa faixa, 44,9% sofreram impacto negativo. Entre médias empresas (de 50 a 499 funcionários) e as de maior porte (a partir de 500 funcionários), o impacto foi menor: 39,1% e 39,2%, respectivamente. Com pequeno ou nenhum efeito estão as de porte médio (37,4%) e de grande porte (35,6%). Com impacto positivo, o percentual é maior entre as pequenas, 27%, ante 23,4% nas médias e 25,3% nas grandes.

Flávio Magheli, coordenador de Pesquisas Conjunturais em Empresas do IBGE , destaca que, apesar dos impactos negativos, houve uma melhora na percepção das empresas de serviços, passando de 65,5% na quinzena anterior para 47%; assim como do comércio, que passou de 64,1% para 44%.” Essa melhora fica evidenciada na maior incidência de empresas que sinalizaram um efeito pequeno ou inexiste, ou um efeito positivo. No caso do comércio, 35,5% as indicaram efeito positivo. Esse cenário retrata o processo de reabertura, com maior fluxo de pessoas refletindo-se nos negócios. É natural que a percepção negativa vá reduzindo a cada quinzena, na medida que o isolamento social vá diminuindo”, analisa.

Vendas

A percepção do impacto negativo da covid-19 sobre vendas ou serviços comercializados durante a primeira quinzena de julho atingiu 46,8% das empresas em funcionamento; mas, em contrapartida, foi pequeno ou inexistente para 26,9%, e, para 26,1%, o impacto foi positivo. “Novamente, há um comportamento disseminado de percepção de redução das vendas, mas, em relação à quinzena anterior, há em alguns segmentos maior incidência de empresas que sinalizaram aumento ou que o efeito foi nulo ou inexistente”, observa Magheli.

O comércio (51,6%), sobretudo o varejista (54,6%), teve o maior número de companhias com impacto negativo sobre as vendas. No setor de serviços, as atividades mais afetadas foram as de serviços profissionais, administrativos e complementares (48,1%) e de serviços prestados às famílias (47,7%). Na indústria e na construção, a redução de vendas afetou 40,8% e 31,9% das empresas, respectivamente. Com vendas positivas, o destaque é o comércio de veículos, peças e motocicletas (40,5%). No comércio, esse percentual é de 32,7%; e na indústria, 28%.

Dificuldade para fabricar produtos ou atender clientes

De acordo com o IBGE, 47,4% das empresas não perceberam alteração sobre a capacidade de fabricação dos produtos ou de atendimento aos clientes; e, para 11,3%, houve facilidade. Já 41,3% das empresas alegaram ter tido dificuldade. O maior impacto negativo foi no comércio de veículos, peças e motocicletas (58,1%) e no comércio por atacado (57,7%). No setor de serviços, o maior impacto foi nas atividades de outros serviços (56,5%).

Para a maioria das empresas, (51,8%) não houve alteração significativa no acesso aos fornecedores de insumos, matérias-primas ou mercadorias, com destaque para os serviços de informação e comunicação (82,8%). Mas, para 38,6%, houve dificuldade. O destaque é o segmento de comércio de veículos, peças e motocicletas, em que 72% relataram ter enfrentado dificuldade, seguido pelo setor de comércio (47,4%).

Quanto ao impacto da covid-19 sobre a capacidade de manter os pagamentos de rotina durante a pandemia, 47,3% das empresas encontraram dificuldade. Para 46,3%, não houve alterações significativas em relação à quinzena anterior; e 5,1% alegaram ter tido facilidade.

“Essa percepção de que não houve alteração aumenta de acordo com o porte da empresa, sendo de 64,4% entre as de maior porte e de 56,3% entre as de porte intermediário. Setorialmente, os destaques são o setor de construção, em que 78,7% informaram não ter havido alteração, e a atividade de serviços de informação e comunicação, com 67,7% relatando não ter havido alteração. Por outro lado, ainda temos indústria (44,4%), comércio (52,1%) e serviços em geral (47,2%) com maior incidência de percepção de dificuldade”, destaca Magheli.

Oito em cada dez empresas mantiveram funcionários

Para 80,7% das empresas, não houve mudança no quadro de funcionários; enquanto que, para 13,5%, houve redução; e, para 5,3%, houve aumento. O comportamento é disseminado pelos setores de indústria (79,2%), comércio (77,6%), construção (77,6%) e serviços (84,3%). O maior percentual de empresas que demitiram é na faixa intermediária (de 50 a 499 funcionários) e empresas de maior porte (500 ou mais).

“Apesar das dificuldades, a maior parte das empresas reportaram que mantiveram o quadro de funcionários. E, entre as 380 mil empresas que sinalizaram ter havido redução (13,5%), a maior parte (70%) promoveu redução inferior a 25%”, ressalta Magheli.

Em relação às medidas adotadas durante a pandemia, 86,7% fizeram campanhas de informação e prevenção e medidas extras de higiene; 22,4% anteciparam férias dos funcionários; 38,7% adotaram trabalho domiciliar; 12,8% tiveram linha de crédito emergencial para pagamento da folha salarial; 37,6% adiaram o pagamento de impostos; 32% alteraram o método de entrega de produtos ou serviços; e 18% lançaram ou passaram a comercializar novos produtos ou serviços.

Entre as que adiaram o pagamento de impostos, esse percentual foi de 65,4% e entre as que conseguiram linhas de crédito para o pagamento da folha salarial, 80,6%. Na adoção dessas medidas, cerca de 34,8% das empresas disseram que se sentiram apoiadas pela autoridade governamental, sendo mais frequente entre as empresas de grande porte (500 ou mais funcionários).

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags