Uma semana depois de disparar contra alguns dos seus colegas de Esplanada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, adotou um discurso mais suave para falar dos integrantes do alto escalão do governo do presidente Jair Bolsonaro. Nesta quarta-feira (19/8), Guedes agradeceu “a colaboração e o trabalho” dos demais ministros e até revelou ser a favor de mudanças nas normas do teto de gastos, tema que o colocou em uma saia justa com a ala do governo que defende a utilização de mais recursos públicos para o investimento em obras.
De acordo com o chefe da Economia, “o teto é como se fosse uma promessa de seriedade no lugar da própria seriedade na condução dos orçamentos públicos”. Para Guedes, o governo deveria ter autonomia para controlar a utilização do dinheiro público, e não ficar restrito às regras do teto de gastos, que limita o aumento dos gastos federais ao Orçamento do ano anterior corrigido pela inflação.
O ministro afirmou que o teto “na verdade, é uma trava que pressupõe a incapacidade da classe política de trabalhar seus próprios orçamentos”. “Na verdade, é uma abdicação à essência e à função mais nobre da política, que é controlar os seus orçamentos”, destacou Guedes, durante uma cerimônia no Palácio do Planalto que marcou a assinatura de medidas provisórias para facilitar o acesso ao crédito por parte de micro e pequenos empresários.
Guedes disse que, por enquanto, o teto é “indispensável” e que ele foi colocado para “bloquear a possibilidade de irresponsabilidade fiscal, o passado de hiperinflação e de moratória”. De todo modo, ele ponderou que a medida só foi estabelecida porque não houve a responsabilidade de governos anteriores em assumir o orçamento público.
“Se os orçamentos são incontroláveis por erros passados, porque indexamos tudo, vinculamos tudo, obrigamos tudo, o teto é um default. O teto é o seguinte: “não aguento mais, não sei fazer, bota um teto”. Agora, um teto sem as paredes e com o piso subindo, é uma questão de tempo. Então, vai ter um momento que nós vamos ter que enfrentar isso e travar o piso, e recuperar o espaço para os investimentos públicos e para as decisões corretas”, alertou o ministro da Economia.
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