A prévia da inflação desacelerou para 0,23% em agosto, influenciado pelos preços da gasolina. O resultado foi divulgado, nesta terça-feira (25/8), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e, segundo especialistas, reforça o entendimento de que o Brasil vai acabar o ano com uma inflação abaixo da meta.
A inflação brasileira está em baixa desde o início da pandemia de covid-19, já que a crise causada pelo novo coronavírus reduziu o ritmo da atividade econômica e, consequentemente, das compras e dos preços.
Em julho, porém, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) registrou uma alta de 0,30% devido aos reajustes da gasolina que ficaram represados nos meses anteriores. Neste mês de agosto, contudo, o indicador já indicou uma leve desaceleração, variando para 0,23%.
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Segundo o IBGE, a variação de 0,23% da prévia da inflação também foi influenciada majoritariamente pelo grupo dos transportes e pela gasolina. É que o grupo variou 0,75% em agosto, devido aos reajustes da gasolina (2,63%), do óleo diesel (3,58%) e do gás veicular (0,47%). A alta, porém, foi menor que a registrada em julho (1,11%), o que explica parte da desaceleração do IPCA-15.
Também contribuiu positivamente para a inflação os preços dos artigos de residência, que subiram pelo quarto mês seguido, a 0,88%, devido ao impacto da alta do dólar nos preços de itens de TV, som e informática (2,50%) e de eletrodomésticos e equipamentos (0,94%).
As despesas com habitação também puxaram a inflação para cima (0,57%), devido ao reajuste da energia elétrica (1,61%) em diversas capitais brasileiras e também por conta do encarecimento de alguns materiais de construção, como cimento (5,26%), tijolo (4,83%) e areia (1,53%).
Vilão da inflação durante a quarentena, o grupo de alimentação e bebidas também voltou a pressionar o IPCA-15. O grupo registrou alta de 0,34% em agosto, após ter constatado uma queda de 13% em julho. A alta foi puxada pelos alimentos para consumo no domicílio, que subiram 0,61% influenciados principalmente pelos preços de produtos como carnes (3,06%), leite longa vida (4,36%), frutas (2,47%), arroz (2,22%) e pão francês (0,99%).
Por outro lado, o grupo da educação ajudou a conter a alta da inflação. Segundo o IBGE, o grupo registrou uma deflação de 3,27% em agosto, já que muitas instituições de ensino concederam descontos dos preços das mensalidades escolares durante a pandemia de covi-19 e esse reajuste foi captado só agora em agosto pelo IPCA-15. A variação foi negativa em 4,01% nos cursos regulares. Os preços de vestuários também ficaram no negativo: -0,63%.
Acumulado
Com a variação de 0,23% de agosto, o IPCA-15 acumula alta de 0,90% neste ano. Já no acumulado dos últimos 12 meses, o índice chega a 2,28%. A variação é superior aos 2,13% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores, mas ainda está abaixo da meta de inflação estabelecida para este ano pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto para baixo ou para cima.
Segundo especialistas, o dado reforça o entendimento de que a inflação vai ficar abaixo do piso da meta neste ano. A projeção do mercado financeiro é que a inflação marque 1,71% ao fim do ano, segundo o Boletim Focus. Além disso, o indicador confirma uma taxa de juros negativa no Brasil. Afinal, a taxa básica de juros (Selic) hoje está em 2%, abaixo, portanto, do acumulado da inflação nos últimos 12 meses.
"Com este resultado o IPCA-15 chega a 2,28% em 12 meses, o que considerando uma SELIC de 2% nos dá uma taxa de juros real ex-post de -0,28%. [...] Isto sugere, dentre outros pontos, que o Copom não deve cortar mais a Selic", comentou o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.
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