Apesar de o crédito ampliado ao setor não financeiro, que totalizou R$ 11 trilhões, tenha tido redução de 0,7% em julho em relação a junho, os empréstimos e financiamentos subiram 1% na mesma comparação. Isso ocorreu porque a variação do crédito ampliado refletiu, principalmente, a queda de 3,4% no saldo da dívida externa, influenciada pela valorização cambial de 5%. Enquanto a concessão de crédito para pessoas físicas e jurídicas aumentou no período por conta de programas de empréstimo e represamento provocado nos momentos de maior isolamento social.
De janeiro a julho, a alta geral no crédito no país foi de 5,4% e, em 12 meses, de 11,3%. Os dados foram divulgados, nesta sexta-feira (28/8), pelo Banco Central (BC). As concessões totais somaram R$ 341 bilhões em julho. “É a primeira vez, desde agosto de 2015, que o crescimento no crédito atinge dois dígitos, 11,3%”, ressaltou o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.
“Houve maior dinamismo nas operações de crédito para pessoas jurídicas, tanto no crédito livre quanto no direcionado. O destaque foi capital de giro no livre e Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) no direcionado”, explicou
No crédito livre, no qual as taxas de juros são fixadas a critério das instituições financeiras, houve elevação para pessoas jurídicas de 0,5% em julho e de 26,1% em 12 meses.
No direcionado às empresas, onde entra o Pronampe, a alta foi de 2,5% no mês, porém houve queda de 0,3% em 12 meses. “As empresas continuam demandando caixa. Ajuda a taxa de juros do capital de giro estar no menor nível da série histórica, desde junho de 2000, ou seja, em 20 anos”, disse Rocha. Nas operações de curto prazo estão em 7,4% e, nas de longo prazo, 11,2%. “Foram R$ 44 bilhões, mas não é só Pronampe. Existem novas linhas”, ressaltou.
Famílias
Para pessoas físicas, ou seja o crédito livre para famílias, houve alta de 5,1% no cartão de crédito à vista, de 1,1% no consignado e de 0,6% no financiamento de veículos. “O desempenho para pessoa física foi menos dinâmico, mas houve recuperação nas operações de crédito à vista, tanto no cartão de crédito e na aquisição de veículos quanto no crédito imobiliário, com expansão nas concessões, por conta da redução nas taxas de juros”, explicou Rocha.
O crédito consignado que representa um terço das operações de pessoa física no livre teve a menor taxa (19%) para servidores públicos, setor privado (28,7%) e aposentados (20,5%), todas as menores da série. A concessão de crédito à vista está quase voltando aos patamares pré-pandemia, segundo o chefe de Estatísticas do BC. “Passou de R$ 94,4 bilhões em janeiro, caiu para R$ 61 bilhões em abril, e voltou para R$ 84,6 em julho”, pontuou
O mesmo acontece no financiamento de veículos. Em janeiro, a concessão foi de R$ 11,4 bilhões, em abril caiu para R$ 4,3 bilhões e, em julho, voltou para R$ 10,8 bilhões. “Se comparar com abril, a alta foi de 148%. Pode ser o efeito da reabertura do comércio, do comprador ir na concessionária. Mas é possível que tenha alguma coisa de demanda represada. Quem tinha planejado comprar carro e não pode, durante o isolamento, está fazendo isso agora. Ou seja, não quer dizer que a situação voltou inteiramente ao normal.”
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