Ibovespa fecha em alta com possibilidade de pacote econômico nos EUA

Congresso americano caminha para um acordo sobre pacote de estímulos fiscais e mercado internacional está otimista; tensões entre EUA e China, no entanto, continuam

Diante da possibilidade de novos estímulos econômicos nos Estados Unidos, o índice Ibovespa, principal da B3, fechou a segunda-feira (10/8) em alta de 0,65%, aos 103.444 pontos. Já o dólar, que geralmente cai quando há alta na bolsa brasileira, também subiu e encerrou a sessão vendido a R$ 5,46, com alta de quase 1%. No início do dia, no entanto, a moeda americana chegou a R$ 5,35. A segunda-feira foi de alta volatilidade no mercado financeiro.

No início do dia, a bolsa brasileira operava em leve queda, à exemplo do que ocorria no cenário internacional diante das tensões entre EUA e China que têm escalado nas últimas semanas. Nesta segunda, a China impôs novas sanções a 11 cidadãos americanos em resposta às sanções americanas a 11 chineses.

Nos últimos dias,o presidente Donald Trump também pressionou a popular empresa chinesa de vídeos TikTok a retirar sua participação no mercado norte-americano, a menos que negociasse sua venda. Ele assinou uma proibição do uso do app por 45 dias. A Microsoft demonstrou interesse na compra, mas o fundador da gigante, Bill Gates, afirmou que a compra seria como tomar "um cálice envenenado". A empresa chinesa pretende abrir uma ação contra o governo Trump na Justiça.

Porém, o que trouxe otimismo aos mercados foi a possibilidade de acordo no Congresso americano sobre um pacote de estímulos fiscais que pode chegar a US$ 1 trilhão. De acordo com Marcio Loréga, analista da Ativa Investimentos, o dia foi volátil e o mercado estava avesso a riscos, mas as novidades sobre o pacote trouxeram otimismo.

"Teve uma fala do secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin sobre o pacote de estímulos de até US$ 1 trilhão, o que auxiliou nossa bolsa a reverter o cenário positivo. O foco maior estava na questão dos estímulos nos EUA. A gente normalmente vê o dólar cair quando a bolsa sobe, mas isso não ocorreu porque investidores estrangeiros continuam tirando recursos dos investimentos no Brasil, que tem um cenário instável", explicou.

Em agosto, informou Loréga, os dados são positivos quanto à entrada de capital no país – o que é positivo. Porém, o crescimento das aplicações em ouro – que é uma espécie de porto seguro quando a variação cambial é alta, preocupa. "Outro ponto é o ouro, que vem renovando máximas históricas. Isso demonstra preocupação dos investidores. Os investidores encaram o ouro como ativo do momento, em busca de proteção", disse ele.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) fez mais um corte na taxa básica de juros, a Selic. Agora em 2%, ela pode ser cortada novamente. É o que defende Marcio. "A gente visualiza um espaço para que caia mais 0,25 ponto percentual. Aguardava-se essa queda e eles (Copom) mantiveram a porta aberta para derrubar ainda mais. O mercado olhou e viu um momento interessante para alocar recursos. E a gente viu isso na bolsa. Apesar da volatilidade, hoje conseguimos sustentar a bolsa", pontuou.

Ele ainda defendeu que a volatilidade no mercado internacional deve durar enquanto as tensões entre EUA e China perdurarem. Mas afirma que um eventual avanço pode significar uma recuperação econômica global prejudicada. "Se houver um aumento dessa crise, esses países podem colocar tudo a perder. Eles brigam, mas é mais uma guerra para ver quem vai ceder primeiro. O mercado vai ter alta volatilidade enquanto isso durar. Volatilidade é o psicológico do investidor sendo testado diante de todas essas notícias", completou.


*Estagiários sob a supervisão de Vicente Nunes