Depois da Índia na segunda-feira, o Brasil revelou nesta terça uma queda histórica de seu PIB no 2º trimestre, um tombo sofrido por quase todas as principais economias do mundo em razão da pandemia de covid-19. Apenas a China escapou da recessão.
Veja as principais variações do Produto Interno Bruto (PIB), calculadas em relação ao trimestre anterior. Os valores são, salvo indicação, dos respectivos institutos nacionais de estatísticas.
O Brasil, maior economia da América Latina, divulgou nesta terça-feira uma queda recorde de 9,7% de seu PIB entre abril e junho. O segundo país mais atingido pela pandemia, com mais de 121.000 mortes, o gigante sul-americano entrou oficialmente em recessão após um recuo (revisado) de 2,5% no primeiro trimestre.
"O PIB já está no mesmo nível do final de 2009, no auge da crise financeira internacional", explicou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) em nota.
A Índia, outro gigante emergente que paga um alto preço pela covid-19 (mais de 65.000 mortos), revelou 24 horas antes uma queda sem precedentes de 23,9% de seu PIB ano a ano. Sem recessão, entretanto, já que Nova Délhi registrou crescimento de 3,1% entre janeiro e março.
China sai das sombras
Nos Estados Unidos, maior economia do mundo, a queda foi de 9,5% no segundo trimestre, após queda de 1,3% no primeiro, segundo dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
As estatísticas do governo americano publicam variações a uma taxa anualizada (-32,9% no segundo trimestre), como o Canadá, que na sexta-feira lamentou uma queda sem precedentes de 38,7% em seu PIB na primavera (outono no Brasil).
Único sinal de luz na escuridão vem da segunda maior economia do mundo: a China evitou a recessão ao conter a epidemia. O PIB recuperou 11,5% no segundo trimestre, após queda de 10% no primeiro. Em um ano, a queda foi de 6,8% no primeiro trimestre e a retomada de 3,2% no segundo.
Um nível de crescimento que permanece, porém, muito inferior ao registrado pela China nas últimas décadas.
O vizinho japonês teve mais três meses difíceis: no segundo trimestre, seu PIB caiu 7,8% em relação ao de janeiro a março. Esta é a queda mais acentuada desde que dados comparáveis foram estabelecidos em 1980, e o terceiro trimestre consecutivo de contração do PIB.
Europa mergulhada na recessão
No Velho Continente, toda a zona do euro viu seu PIB contrair 12,1% na primavera, após -3,6% no trimestre anterior, "de longe" a queda mais significativa "desde o início das séries temporais em 1995" do Serviço de Estatística Europeu Eurostat.
A Alemanha, maior economia da Europa, viu seu PIB despencar 10,1% no segundo trimestre, após cair 2% no primeiro (a pior queda registrada até agora foi de 4,7%).
Menos afetada pela pandemia do que outros países do continente, emitiu um pequeno sinal de esperança nesta terça-feira ao revisar sua projeção de queda da atividade econômica para -5,8%, contra -6,3% estimada anteriormente.
Para a França, que experimentou um confinamento mais rigoroso e mais longo do que seu vizinho do Reno, o impacto é mais severo, com um PIB despencando 13,8% na primavera, após -5,9% entre janeiro e março. O pior trimestre já registrado desde o pós-guerra pelo Instituto Nacional de Estatística era, até então, na primavera de 1968, devido à greve geral de maio.
A Itália, que experimentava um crescimento lento antes da crise da saúde e cuja região mais rica, a Lombardia, foi o epicentro europeu da pandemia por várias semanas, entrou em recessão com uma queda do PIB de 5,4 % no primeiro trimestre, depois 12,4% no segundo.
A Espanha viu sua economia encolher 18,5% no segundo trimestre, após 5,2% no primeiro, incluindo uma queda de 60% nas receitas do turismo na primavera e um declínio de mais de um terço nas exportações.
O Reino Unido, o país europeu mais enlutado pela pandemia, vive a pior recessão do continente, enquanto sua economia continua ligada à da UE até o final do ano. O PIB caiu 20,4% no segundo trimestre, após recuar 2,2% no primeiro.
Quanto à Rússia, sua economia se contraiu 8,5% no segundo trimestre em um ano, de acordo com a primeira estimativa da agência de estatísticas Rosstat. Além dos efeitos da pandemia, o gigante russo também sofreu com a crise do petróleo.
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