IBGE

Agronegócio é único setor produtivo com alta no PIB no segundo trimestre

Soja, arroz e café garantem alta de 0,4% em relação ao primeiro trimestre e de 1,4% sobre igual período de 2019. Indústria tem os maiores tombos do PIB, de 12,3% e 12,7%, respectivamente

Simone Kafruni
postado em 01/09/2020 18:23 / atualizado em 01/09/2020 18:24
 (crédito: Sérgio Zacchi/Divulgação - 31/1/14)
(crédito: Sérgio Zacchi/Divulgação - 31/1/14)

Enquanto a indústria teve a pior queda da história, com uma retração de 12,3% no segundo trimestre ante o primeiro e de 12,7% na comparação com igual período do ano passado, o agronegócio foi o único setor, pelo lado da produção, a ter números positivos, de 0,4% e 1,2%, respectivamente. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (1/9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Conforme a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), apesar do crescimento menor do que o esperado pelo mercado, o setor segue descolado dos demais. A soja (5,9%), o arroz (7,3%) e o café (18,2%) têm sido os principais destaques da produção no início deste ano, conforme estimativas recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “O auxílio emergencial de R$ 600 minimizou os impactos econômicos na parcela mais vulnerável da população, garantindo sustentação de demanda, principalmente de alimentos e outros bens de consumo básicos”, avaliou a entidade.

De acordo com a CNA, apesar do crescimento verificado no trimestre, o setor não está imune à crise. Segmentos como os de hortaliças, frutas, leite, e produtos da aquicultura sofrem os impactos da queda do consumo das famílias.

Já o tombo industrial, segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE,foi puxado pela indústria de transformação, com retração de 17,5% na comparação com os primeiros três meses do ano e de 20% com o segundo trimestre de 2019. “Houve queda na produção de bens de capital e de bens de consumo duráveis”, disse.

Os destaques negativos foram os segmentos automotivo, máquinas e equipamentos, transporte, metalurgia e indústria têxtil. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), Fernando Pimentel, disse que o setor foi impactado pelo fechamento do comércio. “Não é um segmento considerado essencial. As compras são postergáveis. Por isso, alguns indicadores, logo no início da quarentena, mostraram queda de 93% e hoje apontam retração de 23%”, afirmou.

Segundo ele, as empresas foram misturando estratégias de vendas online, transformação para produtos médico-hospitalares. “Com isso, a recuperação está mais intensa do que imaginávamos, mas não é homogênea. Em julho, geramos 2,2 mil empregos formais. A recuperação está à vista. Se tudo correr bem, para o funcionamento das lojas físicas, é possível chegar ao fim do ano com movimento de Natal próximo do que foi em 2019”, estimou. Ainda assim, o setor deve fechar o ano com queda da ordem de 18%, completou Pimentel.

Marcelo Azevedo, economista da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), explicou que a queda forte era esperada. “Porém, a recuperação começou em maio e se estendeu em junho. Sabíamos que não seria suficiente para compensar”, avaliou. Alguns setores, segundo ele, caminham para o patamar pré-pandemia.”O tombo foi generalizado mas a saída tem suas velocidades diferentes, alguns segmentos estão mostrando melhores desempenhos. Outros começaram mais tarde, mas todos caminham no mesmo sentido”, assinalou.

A indústria automotiva teve um dos piores impactos com a pandemia e refletiu no país inteiro, sobretudo no Rio, segundo Jonathas Goulart, gerente de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). “O que está surpreendendo são os dados mais recentes. Os sinais de recuperação estão vindo antes do que imaginava. Os dados da produção industrial já mostraram recuperação em maio e em junho”, destacou.

A indústria tem recuperação mais forte do que o setor de serviços, disse Goulart. Com o auxílio emergencial, o governo deu recursos para consumidores de renda mais baixa, que consomem produtores industriais. Enquanto serviços são consumidos por famílias com mais renda”, justificou. “A indústria alimentícia, que fornece bens para a classe mais baixa, manteve índices positivos mesmo durante a pandemia, assim como plástico, por conta das embalagens”, pontuou.

Um ponto positivo, de acordo com os dois executivos da indústria, é o indicador de confiança do empresariado, que já retomou a linha de otimismo em agosto. “A crise foi severa, mas a recuperação será melhor do que imagina”, concluiu Goulart.

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