Conjuntura

Auxílio evita recuo maior

» Simone Kafruni » Jailson R. Sena*
postado em 02/09/2020 06:00

Principal alavanca da economia do lado da demanda, responsável por dois terços do Produto Interno Bruto (PIB) do país, o consumo das famílias desabou 12,5% entre abril e junho ante o primeiro trimestre de 2020. Só não foi pior, graças ao auxílio emergencial, que garantiu parcelas de R$ 600 à população mais afetada com a paralisação da economia. O menor consumo foi, em grande medida, segundo especialistas, responsável pela contração dos serviços, que recuaram 9,7% no segundo trimestre ante o primeiro e 11,2% em relação a igual período de 2019.

Na comparação com o segundo trimestre de 2019, o consumo das famílias recuou 13,5%, a maior queda da série histórica do IBGE. O isolamento social, a proibição de funcionamento de algumas atividades, especialmente de serviços prestados às famílias, além da queda na massa de salarial, explicam o desempenho.

Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, explicou que a despesa das famílias pesa “mais ou menos dois terços na economia”. O item outros serviços, que teve quedas de 19,8% na margem e de 23,6% na comparação anual, inclui justamente os serviços prestados às famílias, como hotéis, restaurantes, academia e salões de beleza. “O que amenizou foram os programas de apoio do governo”, pontuou.

Moradora do Itapoã, a operadora de cobrança Eline Soares, 33 anos, parou de gastar em alimentação fora de casa. “Deixei de comer em restaurantes e lanchonetes e passei a cozinhar em casa”, relatou. “Agora, compro esses alimentos mais barato em mercados atacadistas, e até entregam na minha casa”, contou.

Com o cancelamento de shows para evitar aglomerações, os artistas tiveram grandes dificuldades com a pandemia. A família do cantor Guilherme Vieira, 20, morador da Cidade Ocidental (GO) optou por reduzir gastos para enfrentar a crise. “Tive de cortar gastos em casa e sair apenas quando necessário, além de economizar em contas como água, luz e plano de internet.”

“A queda foi mais acentuada em abril e teve alívio a partir de maio com as medidas de combate à crise, principalmente o auxílio emergencial”, avaliou a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória. Na opinião de Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o fato de o governo ter prolongado o benefício pode ajudar na recuperação. “Isso começou já no segundo trimestre. A reação da atividade econômica tem contribuído positivamente”, disse.

* Estagiário sob supervisão de Odail Figueiredo

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