Nesta quarta-feira (2/9), o índice Ibovespa registrou queda de 0,25% aos 101.911 pontos após decolar na terça-feira com o anúncio da reforma administrativa. Já o dólar recuou 0,49%, vendido a R$ 5,35. O presidente Jair Bolsonaro se uniu ao ministro da Economia Paulo Guedes para anunciar o envio desta que é uma das mais importantes pautas do governo e também a prorrogação do auxílio emergencial – que tem sido visto por economistas como "injeção de consumo na veia".
No exterior, os resultados de ontem dos PMIs, que medem a temperatura das economias, fez as bolsas pelo mundo abrirem otimistas. O PMI do Brasil foi o maior do mundo. Entretanto, a alta na bolsa de valores não se manteve hoje, em dia marcado por correções. Na avaliação do especialista em investimentos Marcos Laplechade, apesar do momento positivo graças ao possível avanço na agenda de reformas, o comportamento dos investidores continuar sendo de apreensão.
"Acredito que segue bastante apreensivo, não temos nada mais do que promessa em todas as instâncias, muitas promessas e quase nada de execução. Então o mercado vai ficando cada vez mais apreensivo, a preocupação segue, principalmente com o lado fiscal. O governo está tentando agradar todo mundo e ainda assim manter o teto de gastos intocável, algo que é muito difícil. Desta forma, ainda não vejo calma no mercado", disse ele.
Ele acredita também que, mesmo com a reforma administrativa sendo enviada nesta quinta-feira (3), o índice Ibovespa acima dos 100 mil pontos é algo descolado da realidade.
"Dificilmente bolsa a 100 mil pontos se mantém, é um cenário muito descolado da realidade, se olharmos a condição macro daqui para frente, principalmente para 2021. Então mesmo com reforma, acho que o mercado ainda vai digerir bastante isso, vamos continuar com bastante volatilidade", afirma.
Para Laplechade, a reforma poderá vir "aquém" do esperado. Isso, somado às incertezas no exterior sobre as eleições presidenciais nos Estados Unidos, pode resultar em mais volatilidade. Em comparação a outros países emergentes, segundo ele, o Brasil tem enfrentado dificuldades e se mostrado um destino menos atraente de investimentos estrangeiros.
"O Brasil tem estado bastante deslocado perante os pares emergentes. Os investidores têm optado muito mais por uma posição no México, por exemplo, quando falamos de América Latina do que no Brasil. Isso vai continuar por um bom tempo diante das condições que a gente tem. O risco continua aumentando, a capacidade de convencimento do governo em relação a formulação de propostas fica cada vez mais baleada. Não vamos ter essa recuperação forte, de PIB acima de 3% ou 4% para o ano que vem, pois temos muitas dificuldades, principalmente de contratação, para trazer de volta boa parte dos empregos que a gente perdeu durante a pandemia", completou.
*Estagiário sob a supervisão de Vicente Nunes
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