A tecnologia é a chave para o desenvolvimento da produtividade no campo. É o que afirma o coordenador-técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), Argileu Martins. Em entrevista ao CB.Agro — uma parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília —, ele afirmou que a evolução do processo produtivo brasileiro depende fortemente do avanço tecnológico.
“A tecnologia fez toda a diferença no agronegócio brasileiro. Tudo vai virar 4.0, porque a nova revolução industrial nos levou a isso. Ela muda a forma de as pessoas se relacionarem, conviverem, trabalharem. É evidente que também vai mudar o modo de viver e trabalhar no campo”, disse Martins. “Isso já está acontecendo, já temos máquinas inteligentes. O surgimento de startups é uma coisa impressionante, que está melhorando a produção e tornando as atividades agropecuárias mais eficientes”, acrescentou.
Ex-secretário de Agricultura do DF e ex-presidente da Emater local, Martins observou que boa parcela da população rural não tem acesso à internet. Para ele, o governo deveria implementar soluções de inclusão digital e promover conectividade para esses produtores, pois isso permitiria que eles aumentassem a eficiência de seu trabalho. “Nós entendemos que é a tecnologia que vai fazer a diferença. O país precisa pensar em uma grande revolução digital. Precisamos de um grande programa de inclusão digital para alcançar produtores que têm essa dificuldade”, disse.
Integração
Martins também defendeu o trabalho da Emater na capacitação de produtores rurais em vários estados, salientando que essa proximidade com o homem do campo poderia ser utilizada pelo poder público para ampliar a integração da população rural ao mundo digital. Segundo ele, tendo em vista que grande parte dos produtores não tem escolaridade básica completa, a esperança está na assistência técnica e extensão rural.
“Esse trabalho de assistência é mantido pelos estados, que aportam cerca de R$ 3 bilhões por ano no sistema Emater. Nós buscamos fazer com que os produtores compreendam a linguagem da pesquisa. A nossa esperança é de que o governo federal enxergue esse serviço e faça um grande programa de inclusão digital e, depois, parta para resolver o problema da falta de conectividade. Hoje, no Brasil, temos apenas 18% de produtores com acesso à internet no campo”, comentou.
Desigualdade
Argileu Martins disse, ainda, que a capacitação de produtores pode ajudar a diminuir as desigualdades sociais no campo e, de quebra, permitir um avanço nas práticas de produção agrícola. “O país precisa olhar para a sustentabilidade social, é isso que vai colocar o agro brasileiro em um patamar muito diferente do resto do mundo. Nós temos, além da baixa alfabetização, muita pobreza no campo. Em torno de 2 milhões de estabelecimentos rurais têm um valor de produção abaixo de R$ 5 mil por ano, conforme apontou o IBGE no censo agropecuário. Então, há muitas famílias abaixo da linha da pobreza”, frisou.
Incentivar o trabalho no campo, ao proporcionar boas condições de vida e investir em capacitação pode ser um bom investimento para o Estado, segundo Martins. Segundo ele, um cidadão do meio rural custa muito menos aos cofres públicos. “O agro interioriza a economia. Um cidadão no campo custa 22 vezes menos para o Estado brasileiro do que o que mora em grandes cidades, que precisa de policiamento ostensivo, coleta de lixo e outros serviços”, afirmou.
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