Caixa anuncia pagamento de auxílio de R$ 300 a partir da próxima semana

Para aqueles que não são beneficiários do bolsa família, o governo não informou datas sobre a sexta parcela

Fernanda Strickland
Jailson R. Sena*
postado em 08/09/2020 16:16 / atualizado em 08/09/2020 16:32
 (crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
(crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O governo federal e Caixa divulgaram, nesta terça-feira (8/9), que a sexta parcela do auxílio emergencial no valor de R$ 300 para beneficiários do Bolsa Família ou R$ 600 para mães que são chefes de famílias começarão a ser paga a partir de 17 de setembro, seguindo o calendário do programa federal divulgado no início do ano.

Segundo nota da Agência Senado, o governo vai verificar todos os meses se o trabalhador que estiver recebendo o auxílio de R$ 300 já voltou ao mercado formal, ou se obteve acesso a outro benefício social. Quem estiver nesses casos, terá o pagamento suspenso. Para aqueles que não são beneficiários do bolsa família, o governo não informou datas sobre a sexta parcela.

Os questionamentos em relação ao valor menor vêm crescendo, sobretudo por causa da disparada dos preços dos alimentos. Os dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (tomada especial devido à pandemia do coronavírus), realizada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) , indicaram que, em agosto, os preços do conjunto de alimentos básicos, necessários para as refeições de uma pessoa adulta (conforme Decreto-lei 399/38) durante um mês, aumentaram em 13 das 17 capitais pesquisadas. Em outras quatro cidades, o custo da cesta básica diminuiu. Mostrando que os R$ 300 não compram a cesta básica em nenhuma dá capitais pesquisadas.

Para o economista Marcel Pereira Bernardo, o auxílio emergencial surtiu efeitos positivos na economia. “Conforme avaliação do Ipea, sem o programa, mais de 23 milhões de brasileiros seriam empurrados para a pobreza. Além disso, conforme demonstra o coeficiente de Gini, o programa reduziu a desigualdade social” conta.

O especialista alerta que é preciso atentar para o propósito do programa. "O que se trata de uma emergência e não pode ser visto como algo muito além disso. Os R$ 600 foram estipulados durante o período de maior gravidade da pandemia, porém, com a retomada da atividade econômica, se espera que a necessidade do auxílio diminua, daí a mudança para R$ 300."

"É claro que essa diminuição gera questionamento, pois na cabeça do consumidor é sempre melhor receber R$ 600 que R$ 300. Esse é o pensamento mais imediato. Todavia devemos nos atentar para aquilo que não é visto imediatamente, mas mesmo assim apresenta seu efeito colateral. Devemos considerar que esse dinheiro direcionado ao público não é lastreado em aumento da produção e quanto maior a quantidade de dinheiro circulando na economia sem a contrapartida de mais bens produzidos, maior será a tendência de inflação. Portanto, sob a ótica do consumidor, não adianta ter mais dinheiro em mãos se esse dinheiro perde valor rapidamente.” explica o economista.

Para Marcel, a única alternativa realmente viável para o consumidor ter renda sem sofrer tanto com a inflação é com incremento produtivo e isso só vem com geração de empregos. "Por isso, a necessidade urgente de simplificar tributos, desburocratizar os mercados e liberalizar a economia”, esclarece.

O especialista diz que sob a ótica do governo, o auxílio emergencial no valor de R$ 600 gerava um impacto mensal de R$ 50 bilhões nas contas públicas. "Para um país que enfrenta deficit fiscal há anos isso é um desastre. Se o governo não consegue conter gastos, o endividamento aumenta e isso gera pressão de alta nas taxas de juros. A tendência, portanto, são os juros aumentarem em 2021 se não houver nenhuma contrapartida para reequilibrar as contas ainda em 2020”.

Essa contrapartida vem por redução de gastos com servidores públicos, enfrentamento de privilégios da classe política, juízes, militares e amplo programa de privatizações. Marcel informa que se essas medidas forem tomadas, é possível conter o aumento dos juros para o próximo ano. “Desse modo, teremos duplo benefício: preserva-se aqueles que estão inadimplentes, pois fica mais fácil honrar dívidas com juros menores. Também é bom para o empreendedor que pode tomar crédito mais barato para iniciar ou expandir os negócios” termina.


*Estagiários sob supervisão de Vicente Nunes

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