De olho nos investidores externos, BC lança agenda de sustentabilidade

Ações vão desde campanhas de conscientização até a criação de uma linha financeira de liquidez sustentável

Marina Barbosa
postado em 08/09/2020 16:28 / atualizado em 08/09/2020 17:03
 (crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)
(crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)

Com investidores de todo o mundo preocupados com o avanço do desmatamento na Amazônia, o Banco Central (BC) decidiu mostrar que está comprometido com a preservação do meio ambiente. Por isso, lançou nesta terça-feira (08/09) uma série de ações de responsabilidade socioambiental. As medidas valem para o BC, mas também para o sistema financeiro nacional, e integram a dimensão Sustentabilidade da Agenda BC#.

A dimensão sustentabilidade da agenda BC# vai desde campanhas internas de conscientização ambiental que vão fomentar o uso de transportes menos poluentes e da coleta seletiva no BC, até a introdução do tema de finanças sustentáveis no Museu de Economia e a destinação dos resíduos do processo de destruição de moeda para a produção de cimento. Também estão em estudo a criação de uma linha financeira de liquidez sustentável e a inclusão de critérios de sustentabilidade na gestão das reservas internacionais.

"O tema ambiental é extremamente importante, desperta grande interesse e definitivamente entrou na ordem do dia", comentou o presidente do BC, Roberto Campos Neto. Ele concluiu que este é um assunto que deve ser considerado na formulação de políticas públicas e que será fundamental para o processo de retomada econômica de todo o mundo no pós-coronavírus. "A dimensão sustentabilidade da Agenda BC# tem como objetivo manter o BC na fronteira do tema ambiental",destacou.

"A nova dimensão Sustentabilidade da Agenda BC# nasce com o objetivo de responder a mais um conjunto de transformações estruturais na economia. A nova dimensão responde à emergência de novos riscos e de novas demandas da sociedade", acrescentou a diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do BC, Fernanda Nechio.

Ela explicou que choques climáticos como incêndios, secas, enchentes e temperaturas extremas "vêm acompanhados de alterações nas principais variáveis econômicas no horizonte relevante para a política monetária, além de trazerem riscos significativos para o sistema financeiro".

"Choques climáticos afetam preços relativos na economia e, portanto, podem ter impactos sobre nossas decisões de política monetária. Esses mesmos eventos extremos põem em risco o sistema financeiro nacional, podendo alterar a demanda por moeda, valores de bens físicos e de colaterais, além de trazerem custos financeiros altos para a sociedade como um todo", frisou.

A diretora concluiu, então, o BC deve agir considerando os riscos socioambientais e os seus impactos potenciais para cumprir a missão de "assegurar a estabilidade de preços e garantir a solidez e eficiência do sistema financeiro nacional". "A atuação de bancos centrais e do mercado financeiro em finanças sustentáveis e na mitigação dos efeitos dos riscos socioambientais é um tema em franco desenvolvimento, no Brasil e no mundo. É nessa fronteira que precisamos estar", ressaltou.

O risco ambiental, contudo, também pode afugentar os investimentos externos, pois a sustentabilidade é uma preocupação cada vez mais recorrente dos investidores estrangeiros e esses investidores já se mostraram incomodados com a política ambiental do Brasil. Recentemente, por exemplo, um grupo de investidores enviou uma carta ao governo brasileiro pedindo comprometimento com o combate ao desmatamento, sobretudo na Amazônia. Para analistas, ficou claro que esses investidores poderiam começar a deixar de aplicar no Brasil caso o país não agisse de forma mais efetiva contra as queimadas na floresta amazônica.

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