Após quedas expressivas nas ações do setor de tecnologia nos Estados Unidos, o índice Ibovespa, principal da bolsa de valores brasileira, registrou uma queda de 1,18%, chegando aos 100.050 pontos nesta terça-feira (8/9). Ao longo do dia, chegou a operar abaixo dos 100 mil pontos e registrar queda de 1,5%. O principal motivo foi o movimento de desvalorização de papéis de gigantes como Apple, Google e Facebook na Nasdaq, bolsa das empresas de tecnologia. Já o dólar subiu 1,09% e encerrou vendido a R$ 5,36.
O dia começou com investidores apreensivos no cenário internacional. Isso porque a Tesla, montadora de carros mais valiosa do mundo, teve sua entrada no índice S&P 500 negada — o que fez as ações da companhia despencarem 15% na tarde de hoje. O índice reúne as 500 maiores empresas do mundo listadas na bolsa de Nova York e Nasdaq. Com queda nas ações, a Nasdaq recuou 4,11% e já acumula declínio de 10% em três pregões.
Ainda no cenário internacional, o presidente americano Donald Trump ameaçou romper todas as relações comerciais com a China, em um conflito que parece não ter data para terminar. Representantes de ambos os países trocam farpas há meses, com direito a proibição de aplicativos chineses em solo americano, fechamento de consulados e outras sanções que influenciam diretamente o mercado financeiro.
Para Vitoria Saddi, sócia da SM Futures e Ph.D em economia pela Universidade da Califórnia, a chance de um rompimento real de relações dos EUA com os chineses é baixa. Isso porque o país depende dos asiáticos de várias maneiras, assim como vários outros países – como o Brasil – também dependem.
"Ninguém pode fazer isso com a China, porque ela tem um papel importante em diversos setores. É difícil ficar independente da China. Mas isso virou uma espécie de moeda de barganha. O que acontece de ruim nos EUA, Trump responsabiliza os chineses", explicou.
Saddi também destacou o papel da queda da Nasdaq no mal desempenho do S&P 500 e afirma que o declínio no índice não deve ser uma tendência, uma vez que as eleições americanas estão próximas."Antes das eleições, o índice costuma subir, ocasião em que o mercado, de certa forma, comemora a democracia. Imediatamente após o pleito, ele costuma subir também, independente do vencedor", afirmou.
Já no cenário brasileiro, o Boletim Focus, do Banco Central, revisou suas expectativas para o recuo do Produto Interno Bruto para 2020. A previsão piorou em relação à semana passada, com os analistas prevendo uma variação negativa de 5,31% no fim do ano, contra a queda de 5,28% da semana passada. Para Vitoria Saddi, a estimativa está correta e está em linha com os principais mercados emergentes.
O dia teve, ainda, a repercussão do anúncio da operadora Oi ao mercado. A empresa, que está em recuperação judicial desde 2016, informou ter aceito uma proposta de um consórcio que abrange as maiores operadoras do país (Claro, Tim e Vivo) pelas operações móveis. Caso vençam o processo competitivo, as três empresas terão de desembolsar R$ 16,5 bilhões. Após o anúncio, as ações da companhia se valorizaram em 5,96% na B3.
*Estagiário sob a supervisão de Vicente Nunes
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