PIB deve cair com fechamento de escolas

Renata Rios
postado em 09/09/2020 06:00

O fechamento das escolas durante a pandemia do novo coronavírus deverá trazer prejuízos até o final do século, e não apenas ao aprendizado dos estudantes. Segundo estudo feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), o Produto Interno Bruto (PIB) global pode ter uma queda média de 1,5% nesse período.

“A perda de aprendizagem levará à perda de habilidades que as pessoas têm em relação à produtividade”, diz o texto do documento, publicado ontem. O estudo pondera que, se as escolas demorarem a retomar os níveis de desempenho anteriores, as perdas podem ser proporcionalmente maiores, “O crescimento mais lento e a perda de habilidades nos alunos de hoje só será vista no longo prazo”, diz o texto.

“O PIB é, a grosso modo, o resultado do capital empregado (maquinário, equipamentos, ferramentas), da força de trabalho e da produtividade. Se tomarmos os dois primeiros fatores como constantes de um ano para o outro, vê-se que, caso a produtividade diminua, o PIB também vai diminuir”, comentaram Carlos Faria e Gabriel Viana, da Rio Claro Investimentos. “Como a educação afeta diretamente na produtividade da força de trabalho, os impactos da pandemia nas salas de aula provavelmente irão causar uma queda no PIB.”

Para os especialistas, é importante ter em mente a necessidade de investimentos em maquinário e ferramentas para recuperar o PIB. “Mas o investimento na educação também é relevante. Com uma melhor educação, a produtividade e, consequentemente, o PIB crescem”, afirmam.

No Brasil, a suspensão de atividades presenciais nas salas de aula começou em março. As escolas brasileiras ficaram fechadas por mais tempo do que a média dos outros países estudados e isso vai ter impactos na aprendizagem e desenvolvimento de habilidades dos alunos.

O estudo da OCDE destaca, ainda, que as desigualdades ficam mais evidentes devido à pandemia. Alunos privilegiados, com acesso à internet e a computadores, superam a distância das escolas, enquanto os mais desfavorecidos acabam ficando excluídos quando os estabelecimentos fecham. “Esta crise expôs as muitas inadequações e desigualdades em nossos sistemas de educação”, diz a OCDE.

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