A alta no preço dos alimentos observada nos últimos meses fez com que muitos temessem pela volta da inflação a níveis descontrolados. Mas, apesar de o custo de alimentos como o arroz e derivados da soja pesar do bolso das famílias, esse processo não representa o início de um processo inflacionário como o vivido pelo país antes do Plano Real, afirma o doutor em economia Mauro Rochlin, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Segundo Rochlin, a alta dos preços que o consumidor vê em alguns produtos da cesta básica têm relação especialmente com a alta do dólar. Como vários alimentos são commodities, ou seja, são sempre negociados em dólar no mercado externo, quando a moeda americana sobe, o preço desses produtos — arroz, soja e trigo, por exemplo —acaba subindo muito também.
Se o dólar cair, portanto, os preços tendem a acompanhar a queda. "Os patamares inflacionários são completamente diferentes. Esse aumento pode ser revertido com a queda do dólar. A inflação em 1989, 1990 era em torno de 400%. Para este ano, a inflação prevista não chega a 3%", explica.
O economista afirma que, para as famílias, especialmente as de menor poder aquisitivo, o efeito do dólar acaba afetando o orçamento de maneira significativa, o que é muito ruim. Porém, de um ponto de vista macroeconômico, não se vê um processo que traga de volta a inflação galopante dos anos 1980. "Eu entendo, estamos impressionados. Um produto como o arroz faz parte do dia a dia do brasileiro, da cesta básica. Mas a gente não pode confundir a alta de um alimento com o conjunto de preços", ressalta.
Governo monitora
Como para a maioria das famílias, a inflação que mais conta é a dos alimentos, o governo federal está preocupado em reverter essa alta vista nos supermercados. Segundo apurou o Blog do Vicente, o presidente Jair Bolsonaro montou um grupo para monitorar os preços dos alimentos, em especial, do arroz e do feijão. A tropa de choque está encarregada de manter Bolsonaro informado do que vem sendo feito pelos ministérios da Agricultura e da Economia para “normalizar” os preços de produtos da cesta básica.
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