CRISE

Pandemia fez setor de turismo demitir 446 mil funcionários, diz presidente da CNC

Segundo José Roberto Tadros, setor acumulou prejuízos de R$ 193 bilhões desde o início da crise e deve ter recuperação lenta

Israel Medeiros*
postado em 09/09/2020 18:28 / atualizado em 09/09/2020 20:25
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O setor de turismo foi um dos mais afetado pela pandemia do novo coronavírus, acumulando 446 mil demissões e perdas de R$ 193 bilhões até o mês de julho. Os dados são do presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), José Roberto Tadros. Em entrevista ao CB.Poder — uma realização do Correio Braziliense e da TV Brasília —, nesta quarta-feira (9/9), ele avaliou que o ramo não deverá se recuperar rapidamente.

Para ele, além da crise econômica, o setor tem ainda o agravante de lidar com um velho problema no Brasil: a criminalidade. "Qualquer leitura que se faça na atual conjuntura, terá de ser reanalisada no futuro. O setor de turismo já vinha sofrendo mesmo antes da pandemia por causa dos problemas de segurança pública no Brasil. As pessoas vêm de outros países para se divertir, não para morrerem ou serem assaltadas. Na pandemia, no entanto, o estrago foi grande: perdemos R$ 193 bilhões em faturamento e 446 mil empregos", afirmou.

Segundo Tadros, o mês com maior número de demissões foi abril, quando 174 mil empregados acabaram mandados embora. Em segundo lugar está o mês de março, com 104 mil; em seguida aparecem junho, com 44 mil; e julho, com 40 mil. O presidente da CNC projetou que mesmo que uma vacina tenha sucesso a curto prazo, o processo de recuperação econômica será lento.

"Uma estrutura que perdeu R$ 193 bilhões não se recupera da noite para o dia. A questão da segurança também não se recupera da noite para o dia. É um processo lento", disse ele.

José Roberto pontuou que o comércio, por outro lado, tem vantagens em relação ao turismo. Isso, segundo ele, deve-se aos hábitos de consumo, que divergem da compra de pacotes de viagens, por exemplo.

"O comércio se revigora rapidamente, porque, a partir do momento que a população sentir segurança, ela volta às ruas. Todos nós temos a necessidade de olhar o produto para comprar. E há a vantagem de espairecer, caminhar, olhar as lojas, sentir a textura do produto. Com o turismo não é assim, é um processo que começa lá nas agências de turismo, passa pelas empresas, hotelarias, lanchonetes, restaurantes, etc. É um processo grande para convencer o turista a vir", ponderou.

Assista à íntegra da entrevista:



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*Estagiário sob a supervisão de Fernando Jordão

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