Retomada de economia

Para economista-chefe do Itaú Unibanco, processo de retomada será "modesto"

Mario Mesquita manteve projeção de queda de 4,5% do PIB neste ano e não vê recuperação muito forte nos próximos trimestres

Rosana Hessel
postado em 09/09/2020 18:40 / atualizado em 09/09/2020 18:41
 (crédito: Procon/MS)
(crédito: Procon/MS)

Apesar de mostrar dados mais otimistas do que o governo, o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, reconhece que o processo de retomada da economia da crise provocada pela pandemia de covid-19 não será rápido, com curva em V, como voltou a prometer o ministro da Economia, Paulo Guedes.

De acordo com Mesquita, que manteve as projeções após a queda histórica de 9,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2020, confirmando a recessão do país no meio da pandemia,, o processo de retomada será desigual ao longo de 2021 e estará associado às medidas sanitárias no combate às mortes pela covid-19. “O que podemos dizer é que o pior momento da crise passou e a pressão da covid-19 sobre o sistema de saúde parece estar arrefecendo”, afirmou o economista, nesta quinta-feira (09/09), a jornalistas. “Tirando o efeito de carregamento estatístico, o crescimento dos próximos trimestres será bem modesto e não vai ser muito (forte) no ano que vem”, afirmou.

Pelas projeções do Itaú, o PIB brasileiro deverá encolher 4,5% neste ano e crescer 3,5% em 2021. As previsões do MInistério da Economia são de queda de 4,7% este ano e crescimento de 3,2% no ano que vem, mas Guedes já cogita retração menor do que 4% neste ano.

Após os dados do segundo semestre ficarem melhores do que o esperado pelo Itaú, as projeções foram mantidas. A queda do PIB entre abril e junho, de 9,7%, foi menor do que o tombo previsto pelo banco, de 10% a 11%. Os números sugerem uma recuperação forte no terceiro trimestre, mas os dados nos trimestre seguintes devem ser menores, de acordo com Mesquita.

Apesar de as estimativas do Itaú ainda serem mais otimistas do que o consenso do mercado, que prevê queda de 5,31% no PIB deste ano,conforme os dados do boletim Focus, do Banco Central, Mesquita afirmou que não faz projeções procurando seguir a maioria. “Se a gente fizer isso, contribui muito pouco e aí basta abrir o Relatório Focus e não precisa ter todo o esforço que a gente faz. A gente procura antecipar tendências e não seguir o consenso”, afirmou. Ele lembrou que os dados do Itaú sobre recuperação regional mostram que o estímulo do governo com o auxílio emergencial foi importante, mas a retomada ainda dependerá do controle da pandemia. “A queda na mortalidade é um determinante para a recuperação do consumo”, afirmou.

Dados regionais

Durante a apresentação aos jornalistas sobre a retomada da atividade, a economista do Itaú Julia Gottlieb, destacou a atividade industrial está começando a voltar a patamares pré-crise, mas o consumo de bens e serviços deve se recuperar em um ritmo mais devagar. “A recuperação tem sido heterogênea entre os setores. As vendas no varejo mostram uma recuperação ao longo dos últimos meses, mas os serviços continuam abaixo dos patamares pré-crise”, afirmou ela.

Segundo ela, os dados do Idat-Consumo Regional (Idat-CR) do Itaú, que analisa as cinco regiões do país, mostram retomada mais acelerada nas regiões Nordeste e Norte, justamente onde houve maior distribuição do auxílio emergencial à população. Contudo, os técnicos do destacaram que os municípios onde não houve redução de mortes de covid-19, apesar de receberem maior parcela dos benefícios, a recuperação não teve o mesmo ritmo de retomada nos que reduziram os números de vítimas fatais.

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