Arroz

"Preço do arroz não deve cair, só estabilizar", alerta indústria

Abiarroz acredita que isenção da tarifa de importação do arroz vai conter a escalada de preços, mas não deve deixar o quilo do arroz abaixo de R$ 5 a R$ 6

Marina Barbosa
postado em 10/09/2020 18:13 / atualizado em 10/09/2020 18:22
 (crédito: Igo Estrela/Especial para o CB/D.A Press)
(crédito: Igo Estrela/Especial para o CB/D.A Press)

Embora o governo tenha zerado a tarifa de importação do arroz, o produto vai continuar custando caro. A Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) explica que a medida vem para evitar que os preços continuem subindo, mas não deve reduzir o valor atual, já que a cotação internacional do arroz e o dólar seguem em alta. Por isso, o quilo deve continuar girando em torno de R$ 5 a R$ 6. Assim, o pacote de 5kg vai ficar entre R$ 25 e R$ 30.

"Não posso assegurar que o preço vai abaixar, porque o arroz se valorizou no mundo inteiro durante a pandemia e o produto que é adquirido no mercado externo é adquirido em dólar, que está muito alto", alertou a diretora-executiva da Abiarroz, Andressa Silva, em entrevista ao Correio nesta quinta-feira (10/09).

Ela explicou que, com a isenção da Tarifa Externa Comum (TEC), o arroz poderá ser importado de países como os Estados Unidos por cerca de US$ 812 a tonelada. O valor é menor que os atuais US$ 891. Porém, quando convertido para o real com o dólar no atual patamar de R$ 5,30, ainda representa um custo de R$ 4,30/quilo para a indústria. E é preciso lembrar que a indústria ainda vai embalar, distribuir e aplicar sua margem de lucro antes de entregar esse arroz aos supermercados, que também devem aplicar alguma margem antes de colocar o produto à venda para o consumidor. "Vai adquirir a preço externo e vai ter que repassar", afirmou Andressa.

A expectativa da Abiarroz, portanto, é que a medida venha para criar um "teto" para o quilo do arroz. E a associação admite que esse teto deve continuar perto dos R$ 5 a R$ 6 por quilo, podendo chegar até a R$ 7. "O preço não deve reduzir, mas poderia ser ainda maior. Então, a medida vai estabelecer um teto", explica Andressa, que, ainda assim, classifica como positiva a medida anunciada nessa quarta-feira (09/09) pelo governo. "O preço estava subindo sem discriminação. Mas, quando o produto de fora chegar, o produtor interno vai ter que se nivelar", explicou.

Antes desse teto, contudo, é possível que haja mais um reajuste nas gôndolas, deixando ainda mais alto o custo do arroz, que já subiu 19,25% neste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É que o arroz importado só deve chegar ao Brasil no fim de outubro ou no começo de novembro, apesar de ter sido encomendado pela indústria antes mesmo da isenção da TEC. Além disso, na semana passada, a saca de 50 quilos do arroz estava sendo negociada a cerca de R$ 120. O valor é quase o dobro do observado no início do ano e, segundo a Abiarroz, ainda não foi totalmente repassado para o consumidor.

Para a associação dos produtores de arroz, o cenário só deve mudar de forma significativa quando, portanto, começar a colheita da próxima safra de arroz. Ou seja, no início do próximo ano. "A alta é temporária e circunstancial. Em janeiro, quando começar a safra, a tendência é baixar", assegurou Andressa. A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), por sua vez, tem um discurso diferente e acredita que o preço do arroz vai cair já nas próximas semanas. 

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