Em 10 anos, União, Estados e municípios podem economizar, com a reforma administrativa e outras medidas de enxugamento da máquina, R$ 816 bilhões. Em duas décadas, o impacto positivo para os cofres públicos, em “um caso extremo”, mais que dobra, para R$ 1,767 trilhão. O resultado, para os próximos 20 anos, é a soma de economia potencial de R$ 1,040 trilhão nos estados, R$ 527,06 bilhões na União, e mais R$ 200 bilhões nos municípios. A análise faz parte da nota técnica “Ajustes nas despesas de pessoal do setor público: cenários exploratórios para o período de 2020 a 2039”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Foram simulados vários cenários, considerando taxa de reposição de 90% para servidores de nível superior e de 50% para nível médio, redução de 30% do salário inicial dos novos admitidos e progressão mais lenta na carreira, bem como o congelamento dos vencimentos por dois anos (2020 e 2021) sem compensação posterior.
As projeções mais longas, porém, foram prejudicadas pela falta de números completos em alguns entes. E os próprios técnicos do Ipea consideram que “o cenário é pouco plausível”, dado que nem todas as medidas precisam ser aprovadas pelo Congresso. “Muito dificilmente, todas as mudanças vão acontecer”, afirmou o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo Souza Júnior.
O especialista em contas públicas Gil Castello Branco, secretário-geral da Associação Contas Abertas, considera que o “estudo é válido, pois oferece as primeiras estimativas sobre os efeitos da reforma, ainda que dependendo de diversos fatores econômicos e políticos”.
Limite
O economista Pedro Galdi, da Mirae Corretora, reitera que o Estado chegou ao limite de gastos com pessoal — já que a União compromete 22% da despesa primária com o funcionalismo, e os estados, 56,3% da despesa e 76,1% da receita corrente líquida”, segundo o Ipea. “Não acho que a previsão é de destruição de vagas. Trata-se de mudança necessária. Mas a reforma administrativa deve sair do Congresso desidratada, como aconteceu com a da Previdência”, assinalou Galdi.
Sandro Alex de Oliveira Cezar, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS) avaliou que o possível corte de 50% no pessoal de nível médio “vai transformar o governo em um prestador de serviço sem contato com o público”. Ele lembrou que o atendimento inicial da população, em hospitais, na Previdência e outros locais, é sempre feito por profissionais de nível médio.
O presidente da CNTSS criticou a nota técnica do Ipea. “São dados para corroborar as ideias do presidente da República e da equipe econômica. Mas preparamos uma campanha para mostrar à sociedade — e deixar que ela julgue — porque um salário de R$ 39 mil para a elite é pouco e porque tem que jogar a culpa do desajuste das contas no colo dos barnabés”, afirmou.
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