Atividade

Governo prevê alta de 7,3% no PIB do terceiro trimestre

Para secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, previsões são "realistas". Contudo, ele reconhece que setor de serviços ainda deve demorar para se recuperar

Rosana Hessel
postado em 15/09/2020 14:54 / atualizado em 15/09/2020 21:15
 (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press - 26/11/19
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(crédito: Carlos Vieira/CB/D.A Press - 26/11/19 )

A Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Economia, prevê crescimento de 7,3% no Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2020. 

“É uma recuperação robusta, mostrando que boa parte da economia vai apresentar retomada em relação aos trimestres anteriores”, afirmou o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, nesta terça-feira (15/09), durante entrevista a jornalistas. Ele citou o varejo e a indústria dando sinais de recuperação mais forte, mas reconheceu que o setor de serviços ainda deverá demorar para apresentar recuperação mais forte, provavelmente, a partir de outubro.

Sachsida reconheceu que a recuperação do setor de serviços será mais lenta do que a de demais indicadores. Para ele, um processo de maior atividade desse segmento, que tem forte peso na composição do PIB, só deverá ocorrer a partir do quarto trimestre. “A retomada do setor de serviços está mais lenta e nossos dados apontam uma recuperação mais forte a partir de outubro”, afirmou.

Em agosto, o setor de serviços que respondem por mais de 70% do valor adicionado do PIB, conforme dados do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cresceu 2,6%, em julho, dando sinais de desaceleração em relação à alta de 5,2% de junho.

O PIB brasileiro encolheu 2,5%, no primeiro trimestre, e 9,7%, no segundo trimestre, ambos na comparação com os três meses imediatamente anteriores, conforme dados do IBGE divulgados no início deste mês. Quando o PIB registra queda por dois trimestres consecutivos, o país entra em recessão técnica. Logo, a alta de 7,3% ainda não vai recuperar totalmente o tombo acumulado do primeiro semestre e, nos trimestres, seguintes, a taxa de crescimento não vai manter o mesmo ritmo, de acordo com as estimativas do mercado, comprovando que, dificilmente, confirmará um V na retomada, com uma curva mais parecida com uma raiz quadrada.

 

Ajuda de benefício

 

Durante apresentação novo relatório da SPE, Sachsida reconheceu que o auxílio emergencial de R$ 600 distribuído pelo governo para mais de 65 milhões de brasileiros e as medidas fiscais do governo no combate aos impactos econômicos da pandemia de covid-19 foram importante para que essa previsão de queda de 4,7% fosse mantida.

De acordo com o secretário, graças a essas medidas, o mercado, que tinha previsões mais pessimistas do que as do governo, acabaram revisando as projeções quando os indicadores de atividade começaram a apresentar uma recuperação.

O Fundo Monetário Internacional (FMI), por exemplo, prevê retração de 9,1% do PIB do Brasil em 2020, e, segundo Sachsida, as revisões das estimativas do mercado estão convergindo para patamar parecido com os dados que o governo vinha prevendo desde abril.

Ao longo do detalhamento do relatório, o secretário parafraseou o ministro da Economia, Paulo Guedes, e afirmou que a retomada da economia está sendo em V e que "o Brasil ainda vai surpreender o mundo”. Para Sachsida, as projeções da SPE não são otimistas, mas "realistas” diante do cenário de pandemia global.

A previsão do governo para o PIB do terceiro trimestre está em linha com a da MB Associados, que espera alta de 7,3% na atividade econômica entre julho e setembro. A consultoria prevê retração de 4,8% no PIB deste ano.

De acordo com Sachsida, a secretaria incluiu no cálculo do PIB a previsão de redução do auxílio emergencial para R$ 300 nos quatro últimos meses do ano. Ele ainda reconheceu que a recessão da economia brasileira provocada pela pandemia é grave.

Com base em dados do FMI, a secretaria fez um comparativo do PIB de vários países nas principais crises econômicas que ocorreram desde 1980 e constatou que, neste ano, devido à pandemia de covid-19, mais de 80% dos países acompanhados pelo Fundo devem apresentar retração na economia. Esse dado é quase o dobro do pico de 47% computados na crise financeira global, em 2009.

Para 2021, a SPE manteve a previsão de crescimento do PIB em 3,2% na comparação com o relatório anterior, divulgado em julho. Contudo, reduziu de 2,6% para 2,5% a estimativa de expansão em 2022. Essa é a mesma taxa estimada para os dois anos seguintes.

Renda Brasil

Sachsida conduziu a entrevista no lugar do secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, que se isolou após as críticas do presidente Jair Bolsonaro às propostas da equipe econômica, como a de congelamento de aposentadorias para criar o Renda Brasil. O programa que seria criado para substituir o Bolsa Família no ano que vem virou palavra proibida por Bolsonaro.

Logo no início da apresentação o chefe da SPE procurou dar razão ao presidente, que proibiu a equipe de voltar a falar em Renda Brasil, e criticou o vazamento das informações. “O que me parece que o presidente Bolsonaro coloca corretamente é que as discussões não podem ser públicas. Você não pode ficar lançando ideias publicamente. Acho que foi isso o que ele deixou claro”, afirmou. Segundo ele, o presidente “é um parceiro pró-mercado” e o governo continuará avançando na pauta de reformas.

 

ontudo, Waldery optou por se isolar ontem e coube ao chefe da SPE, Adolfo Sachsida, conduzir a entrevista, que foi bem mais curta do que quando o secretário especial está à frente das coletivas, que se estendem por, no mínimo, três horas. Logo no início, Sachsida procurou dar razão ao presidente, que proibiu a equipe de voltar a falar em Renda Brasil, e criticou o vazamento das informações. 


“O que me parece que o presidente Bolsonaro coloca corretamente é que as discussões não podem ser públicas. Você não pode ficar lançando ideias publicamente. Acho que foi isso o que ele deixou claro”, afirmou. Segundo ele, o presidente “é um parceiro pró-mercado” e o governo continuará avançando na pauta de reformas.

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