CONJUNTURA

Número de empresas aumenta

Abertura de novos negócios, porém, reflete a crise provocada pela pandemia, já que muitos desempregados se tornaram microempreendedores individuais para tentar manter a renda. Governo aponta fatores como menor burocracia e novas oportunidades

Marina Barbosa
postado em 18/09/2020 00:46

Apesar da crise do novo coronavírus ter colocado muitos negócios em dificuldades, o Brasil tem, hoje, mais empresas do que no início da pandemia. Segundo o Ministério da Economia, entre abril e agosto, 357 mil empresas encerraram as atividades, mas 1,5 milhão de negócios foram criados. O que pode parecer uma economia pujante, no entanto, pode ser resultado da crise.

“O país contabiliza quase 1 milhão de empresas ativas a mais do que há seis meses. Hoje, são 19.289.824 em atividade, enquanto em março eram 18.296.851. A diferença entre as que abriram e as que fecharam no segundo quadrimestre é de 782.664”, revelou, ontem, o a pasta, ao apresentar os dados do estudo Mapa de Empresas.

De acordo com o documento, quase 30% dos negócios fecharam as portas no início da pandemia. Porém, mais de 300 mil foram criados em julho e em agosto, volume que supera os 274 mil de março e também o observado nesse período nos últimos cinco anos.

O que tem puxado essa alta são os microempreendedores individuais (MEIs). Segundo especialistas, foi a saída encontrada por milhares de brasileiros que perderam emprego ou renda para sobreviver na pandemia. Muitos motoristas e entregadores de aplicativos, além de comerciantes, profissionais liberais e cozinheiros que trabalham de casa, por exemplo, são MEIs.

“O aumento do desemprego faz as pessoas buscarem um pequeno negócio, é o chamado empreendedorismo de necessidade”, explicou o analista de gestão estratégica do Sebrae, Marcos Bedê. A escassez de emprego já era o principal motivo da decisão de empreender de 88% dos empreendedores iniciais do país em 2019. A expectativa é de que esse número cresça neste ano, já que a crise da covid-19 elevou o desemprego no país.

O governo, contudo, prefere apontar outros motivos para a recuperação do ritmo de abertura de empresas. “Diversos fatores precisam ser avaliados, como a redução da burocracia, a mudança no padrão de consumo e novos mercados que se abrem”, alegou o secretário especial adjunto de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Gleisson Rubin.

O Mapa de Empresas ainda mostra que o número de empresas fechadas não explodiu durante a pandemia, mesmo com milhões delas tendo suspendido as atividades. Segundo o documento, o ritmo de fechamento continua em linha com a média histórica, com cerca de 80 mil a 100 mil por mês.

“O aumento do desemprego faz as pessoas buscarem um pequeno negócio, é o chamado empreendedorismo de necessidade”

Marcos Bedê, analista de gestão estratégica do Sebrae

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