Governo

Para minimizar clima de tensão, Guedes demonstra bom humor e confiança

O ministro da Economia voltou a reunir o secretariado nesta sexta-feira, mas depois demonstrou estar animado em conversas com a classe política e o setor produtivo. Nos bastidores, comenta-se que Waldery Rodrigues poderia ir para o BID

Marina Barbosa
postado em 18/09/2020 22:01
 (crédito: Mauro Pimentel/AFP - 3/1/19)
(crédito: Mauro Pimentel/AFP - 3/1/19)

Apesar de a equipe econômica ainda estar tentando se livrar do cartão vermelho do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, surpreendeu seus interlocutores com um "bom humor extraordinário" nesta sexta-feira (18/09). O ministro participou de reuniões sobre a reforma tributária e a retomada econômica com "interesse, ânimo e muitos comentários bem humorados". E ainda avisou que o governo adotou uma nova linha política que vai trazer bons frutos para essa pauta no Congresso.

O bom humor de Guedes foi percebido por secretários municipais de finanças e por representantes do setor da saúde, que participaram de videoconferências com o ministro. E, para muitos, foi um recado de que o chefe da equipe econômica continua firme e confiante no cargo, apesar do desgaste sofrido nesta semana, depois que o presidente Jair Bolsonaro se irritou com a possibilidade de congelar aposentadorias e pensões para bancar o Renda Brasil, aventada pelo secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues.

"Mais firme impossível", disse um empresário, que classificou a conversa com Guedes como um "bate-papo extremamente descontraído". Ele contou que, apesar da bronca de Bolsonaro, o ministro estava animado porque entende que a economia está voltando para o trilho e porque está confiante na aprovação de medidas importantes para a retomada como a reforma tributária. Guedes chegou a dizer, inclusive,
que o governo adotou uma nova linha política que vai trazer bons frutos na negociação com o Congresso.

Nessa linha, contudo, a equipe econômica foi retirada da negociação política. A ideia é que Guedes e seus auxiliares foquem nos estudos técnicos e que os ministros palacianos e as lideranças do governo, que têm mais trato político que o ministro da Economia, conduzam os acertos com os parlamentares. Mais recentemente, a ordem também é de silêncio no Ministério da Economia. Isto é, falar apenas das
propostas que já têm acordo político, para evitar desgastes como o ocorrido nesta semana.

Tanto Waldery quanto os demais auxiliares de Guedes, por sinal, têm obedecido a ordem de silêncio com afinco. Antes das reuniões sobre a reforma tributária, o ministro da Economia voltou a reunir seus secretários nesta sexta-feira, no terceiro dia de reunião presencial do Ministério da Economia. E todos os técnicos saíram de lá sem falar com a imprensa.

Saída honrosa

Nos bastidores, contudo, comenta-se que o governo está buscando uma saída honrosa para Waldery. A ideia é que o secretário que deixou fez Bolsonaro ameaçar a equipe econômica com um cartão vermelho tenha uma saída "à moda Weintraub" e vá ocupar um cargo no exterior, provavelmente no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Afinal, ao apoiar a candidatura dos Estados Unidos à presidência do BID, o Brasil ganhou o direito de ocupar algumas diretorias do banco. E o secretário especial de Produtividade, Emprego e Produtividade (Sepec), Carlos da Costa, que foi cotado inicialmente para o cargo, reforçou ontem que não pretende sair da Sepec agora.

Guedes tentou criar a impressão, contudo, que sair do governo para uma missão como essa não representa um rebaixamento. "Nossos técnicos são tão bons que são desejados por órgãos como o BID. Mas, quando saem, as pessoas dizem que é mais uma baixa do governo", reclamou o ministro a interlocutores.

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