O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), utilizado como base para calcular o reajuste anual dos contratos de aluguel, subiu 4,57% no segundo decêndio de setembro, ante 2,34% no mesmo período do mês anterior. O dado foi divulgado na sexta-feira (18/09) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com este resultado, a taxa acumulada em 12 meses passou de 12,58% para 18,20%.O índice sofre uma influência considerável das oscilações do dólar, além das cotações internacionais de produtos primários, como as commodities e metais.
“As taxas observadas para o IPC e o INCC não registraram mudança significativa em comparação ao mês de agosto. Já a inflação ao produtor segue em aceleração e espalhada entre os estágios de processamento, com destaque para as matérias-primas brutas, cuja a variação média passou de 5,60% para 11,31%. Neste grupo, destacam-se minério de ferro (9,24% para 17,01%) e soja (4,73% para 12,53%), que juntos responderam por 42% do resultado do IPA.”, afirma André Braz, Coordenador dos Índices de Preços.
Com essa alta, o preço do aluguel pode ter elevação e não agrada os inquilinos. É o caso de Patrícia Barros, 74 anos, que mora de aluguel no Gama-DF. Para ela, não é justo esse reajuste, já que não há aumento no salário. “Devido a pandemia, não é o melhor momento para reajustes de qualquer área. Há pessoas desempregadas, que vivem na dependência de um auxílio do Governo. Nesse momento a melhor opção é manter os aluguéis nos valores atuais”, acredita.
A estudante Ana Karolina Leão, 23 anos e moradora de Taguatinga Norte, está morando em um imóvel há seis meses. Porém não existe contrato formal, o que pode fazer com que o locador aumente o preço a qualquer momento. “Caso ocorra o aumento, dependendo do valor eu converso ou se for muito absurdo eu peço um mês e me mudo. Mas pra mim é mais viável ficar, pois mudança gasta muito além de ser extremamente cansativo”, pondera.
Para as corretoras, a previsão é de não repassar o aumento principalmente aos atuais locatários. O Corretor de imóveis autônomo Bruno Roque dos Santos, diz que prefere o parâmetro do bom pagador, que é para aqueles clientes que já vem pagando corretamente. “Para esses clientes tentamos fazer o mínimo de reajuste anual possível. Porque da mesma forma que está subindo o índice tendo o reajuste de 20%, eu posso perder um bom cliente”, diz.
Ele complementa que as corretoras tentam não seguir pelo índice, principalmente devido a crise econômica. “A inadimplência é algo complicado agora, até porque tem um decreto do presidente dizendo que não pode despejar alguém até dia 30 de novembro. É necessário equilibrar as coisas dos dois lados”, esclarece o corretor.
Para o Presidente Nacional da Comissão de Direito Condominial da OAB Federal e advogado Antônio Marcos da Silva, diz que os valores podem aumentar, mas não é o momento certo para isso. “Vejo que estamos em um momento refluxo da economia, onde todos tem que sentar e negociar para manter os valores que já é cobrado”, diz.
Ele finaliza que em plena pandemia, muitos estão com “dificuldades principalmente o setor do comércio e acredita que o aumento do IGPM não terá reflexo igual nos últimos anos. Por isso, o momento é de diminuir (o valor do aluguel) e tirar soluções que diminuam a possibilidade de que não haja inadimplência”.
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