Bancos

BC projeta alta de 11,5% do estoque de crédito em 2020

Projeção consta no Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central e é melhor que a de julho (7,6%), por conta da alta demanda de crédito das empresas na pandemia

Marina Barbosa
postado em 24/09/2020 09:41 / atualizado em 24/09/2020 09:42
 (crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)
(crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)

Apesar das dificuldades observadas no início da pandemia de covid-19, o mercado de crédito brasileiro deve apresentar um resultado melhor do que o esperado neste ano e manter um nível elevado de concessões em 2021. A projeção é do Banco Central (BC), que elevou as estimativas para o crédito no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (24/09).

O BC melhorou a projeção para o crescimento do estoque total de crédito neste ano de 7,6% para 11,5% no RTI. A revisão é explicada por conta "da demanda acentuada de crédito das empresas", mas também por surpresas positivas no âmbito das pessoas físicas, que mantiveram os financiamentos imobiliários em alta durante a crise da covid-19.

Crédito às empresas em alta

Para a autoridade monetária, o estoque de crédito das pessoas jurídicas vai crescer 16,5% em 2020. A projeção é mais otimista que a do RTI anterior (10%) e também é melhor que o resultado observado nos últimos anos. Em 2019, por exemplo, houve uma variação negativa de 0,1% no crédito às pessoas jurídicas, já que as empresas estavam se financiando mais no mercado de capitais do que no sistema bancário.

O RTI explica que esse crescimento acentuado será possível já que muitas empresas brasileiras vêm sendo atendidas pelos programas emergenciais de crédito que foram criados para ajudar a conter o impacto da pandemia de covid-19 no setor produtivo, como o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e o programa de financiamento da folha. A revisão ainda se fundamenta "pelas condições mais acessíveis de financiamento, com destaque para a taxa de juros na mínima histórica, e pela melhora nas expectativas de recuperação da atividade econômica".

Crédito às famílias desacelera

Já para o crédito às pessoas físicas a perspectiva é de uma alta de 7,8% em 2020. A projeção é melhor que a de julho (5,8%), mas ainda representa uma desaceleração em relação aos anos anteriores. Em 2019, por exemplo, o estoque de crédito das famílias brasileiras cresceu 11,9%.

O BC prevê que haverá desaceleração em 2020 por conta, sobretudo, da redução do comportamento do cartão de crédito à vista, que foi "fortemente afetada pela queda nos gastos dos consumidores de alta renda" na pandemia de covid-19.

Porém, explica a revisão para cima da projeção por conta dos programas de renegociações e postergações de dívida, que contribuíram para a manutenção da carteira de crédito na pandemia de covid-19, e também por conta da alta não esperada dos financiamentos às famílias com recursos direcionados. "As concessões de financiamentos imobiliários, principal modalidade do grupo, surpreenderam positivamente, apresentando evolução positiva após abril, impulsionadas pela queda nas taxas de juros", lembra.

Projeções para 2021

Para o próximo ano, contudo, o cenário projetado muda um pouco. A perspectiva do BC é que o estoque total de crédito cresça 7,3% em 2021, puxado pela retomada do crédito às pessoas físicas.

A expectativa é que o crédito às famílias suba 9% em 2021, "levando-se em conta perspectiva de melhora no mercado de trabalho" e também a "redução das renegociações e postergações de parcelas no segmento imobiliário".

Já no caso das empresas, a projeção é que o crescimento do crédito desacelere para 5,1% em 2021, por conta da "normalização da atividade econômica e pela necessidade de desalavancagem das empresas". Além disso, o BC espera que as grandes companhias voltem a se financiar no mercado de capitais, como vinha acontecendo antes da pandemia.

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