Pandemia

Covid-19 deixa 34 milhões desempregados na América Latina e Caribe

Relatório da OIT aponta que região é a que teve maior diminuição de horas de trabalho no mundo nos três primeiros trimestres de 2020. Desigualdade de renda também aumentou

Israel Medeiros*
postado em 30/09/2020 19:57
Agência do Trabalhador: governos na AL precisam encontrar meios para assegurar renda  -  (crédito: Jhonatan Vieira/Esp. CB/D.A Press - 15/3/16)
Agência do Trabalhador: governos na AL precisam encontrar meios para assegurar renda - (crédito: Jhonatan Vieira/Esp. CB/D.A Press - 15/3/16)

A crise do novo coronavírus provocou a perda de 34 milhões de empregos na América Latina e no Caribe nos três primeiros trimestres de 2020. É o que informou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) nesta quarta-feira (30). Na segunda edição do relatório "Panorama Laboral em tempos de covid-19: Impactos no mercado de trabalho e na renda na América Latina e no Caribe", a agência recomenda que os países da região adotem medidas imediatas para tentar contornar o cenário negativo.

O levantamento foi feito em nove países, que representam cerca mais de 80% da população economicamente ativa da região. A taxa de ocupação caiu 5,4% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando à mínima histórica de 51,1%. O relatório alerta também para a queda drástica de renda e horas de trabalho, classificando a contração na América Latina e Caribe como a pior do mundo, com perda de horas estimada em 20,9% para os três primeiros trimestres de 2020. O resultado é quase o dobro da estimativa mundial de 11,7%.

A OIT também afirma que as diferenças de renda poderão ser acentuadas no processo de recuperação econômica. "As rendas do trabalho caíram 19,3%, acima da taxa mundial de 10,7%. [...] Uma diferença que emerge com maior força nesta crise é entre aquelas pessoas e famílias que continuam a receber toda ou parte de sua renda e aquelas que não recebem”, destaca o relatório.

O relatório diz ainda que, como o salário do trabalho representa entre 70% e 90% das rendas familiares totais, as reduções "resultam em fortes perdas nos recursos monetários obtidos pelas famílias com impactos significativos nos níveis de pobreza”.

Apesar do resultado negativo, a OIT aponta que, a partir do terceiro trimestre deste ano, os indicadores mostram uma ligeira recuperação nos níveis de atividade econômica. Isso significa um início de recuperação no índice de empregabilidade. Para o diretor da OIT para América Latina e Caribe, Vinícius Pinheiro, os países da região precisam encontrar formas de recuperarem-se economicamente, permitindo a criação de postos de trabalho.

“Os sinais preliminares de recuperação são uma notícia positiva, mas o impacto da covid-19 no trabalho e nas empresas foi enorme, e o caminho à frente é longo. É fundamental relançar as bases para a reativação da economia com segurança na saúde, garantindo condições favoráveis para o funcionamento das empresas e para a criação de mais e melhores empregos”, disse Vinícius Pinheiro.

O levantamento conclui que tanto a taxa de desocupação quanto a taxa de informalidade podem aumentar com a reabertura das atividades e a reativação da demanda. Mas, em todos os casos, pessoas do sexo feminino e jovens de até 24 anos são os mais atingidos pelo desemprego na crise.

Para contornar o problema, a OIT recomenda a adoção de estratégias que continuem a minimizar os impactos da crise. "A adoção antecipada de estratégias que continuem mitigando esses impactos e que sustentem a recuperação será fundamental. Também é fundamental fortalecer as instituições de trabalho, principalmente no que diz respeito às políticas ativas do mercado de trabalho”, afirma o relatório.

*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza 

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