REFORMA TRIBUTÁRIA

Simplificar tributos federais pode atrair apoio, diz Economia

Secretaria de Política Econômica acredita que incluir estados e municípios na primeira fase da reforma tributária trará ganhos adicionais

Alessandra Azevedo
postado em 30/09/2020 21:08 / atualizado em 30/09/2020 21:09
 (crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)
(crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)

No meio da briga entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre os rumos da reforma tributária, a Secretaria de Política Econômica (SPE) publicou uma nota informativa em defesa da primeira parte das mudanças, nesta quarta-feira (30/9), e da inclusão posterior de estados e municípios. Enviada pelo governo em julho, a proposta busca unificar a cobrança de tributos federais que incidem sobre consumo.

O Ministério da Economia defende, no documento, que a criação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que, de início, substituirá o PIS/Pasep e a Cofins, permitirá uma cobrança mais ágil e eficiente do tributo. O texto, entretanto, só simplifica a cobrança da União. Não prevê a inclusão do ICMS, estadual, nem do ISS, municipal. O órgão reconhece que, "logicamente, a adoção de um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) único, que incorporasse todas as esferas governamentais, traria ganhos adicionais".

A ideia é que a primeira parte da reforma sirva como exemplo. Segundo a SPE, a adoção da CBS "poderá mostrar aos estados e municípios os ganhos que um imposto sobre o valor agregado irá trazer para o país, o que pode angariar o apoio desses entes, em um curto espaço de tempo". Para o Ministério da Economia, a proposta, como foi enviada, "é um primeiro e importante passo para o incremento da qualidade tributária do país".

A SPE diz ainda que começar a reforma tributária pelo PIS/Pasep e pela Cofins é "salutar", pois a simplificação desses tributos incidirá sobre uma base mais ampla de bens e serviços e gerará ganhos de eficiência para todas as empresas ao reduzir as distorções alocativas". Além disso, a adoção de um sistema simplificado deve resultar em redução no número de disputas judiciais, "que são um entrave relevante para o aumento da produtividade no país", diz a nota.

Impasse

As propostas de emenda à Constituição (PECs) da reforma tributária em discussão no Congresso preveem a inclusão de estados e municípios, mas, como mencionou a SPE, há entraves. Além da resistência de alguns setores da economia, que alegam que vão acabar pagando mais com o novo tributo, governadores e prefeitos se preocupam com a compensação aos entes federados.

Se o novo imposto for gerido pela União, é preciso garantir que os estados e municípios receberão a parte deles, já que não recolherão mais ICMS e ISS. "A grande questão é como compensar. Precisa ter uma garantia. Esse é um ponto fundamental, que está no meio das discussões. O medo dos governadores e prefeitos é não ter receita, ter atraso nos repasses", conta o presidente do Centro de Liderança Pública (CLP), Luiz Felipe D’Avila.

O desafio é criar um mecanismo de compensação que consiga fazer os repasses de forma automática, sem ingerência política, para não ter perigo de o dinheiro ser "confiscado" pela União em algum momento. Uma das opções discutidas pelos parlamentares é a criação de um gatilho na lei, que obrigue que o dinheiro seja transferido automaticamente, sem passar pelo governo federal. "Se resolver isso, as outras pressões setoriais serão facilmente contornáveis", acredita D'Ávila.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação