Atividade

Governo prevê alta de 7,3% no PIB do terceiro trimestre

Para secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, previsões são "realistas". Contudo, ele reconhece que setor de serviços ainda deve demorar para se recuperar

A Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Economia, prevê crescimento de 7,3% no Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2020. 

“É uma recuperação robusta, mostrando que boa parte da economia vai apresentar retomada em relação aos trimestres anteriores”, afirmou o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, nesta terça-feira (15/09), durante entrevista a jornalistas. Ele citou o varejo e a indústria dando sinais de recuperação mais forte, mas reconheceu que o setor de serviços ainda deverá demorar para apresentar recuperação mais forte, provavelmente, a partir de outubro.

Sachsida reconheceu que a recuperação do setor de serviços será mais lenta do que a de demais indicadores. Para ele, um processo de maior atividade desse segmento, que tem forte peso na composição do PIB, só deverá ocorrer a partir do quarto trimestre. “A retomada do setor de serviços está mais lenta e nossos dados apontam uma recuperação mais forte a partir de outubro”, afirmou.

Em agosto, o setor de serviços que respondem por mais de 70% do valor adicionado do PIB, conforme dados do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cresceu 2,6%, em julho, dando sinais de desaceleração em relação à alta de 5,2% de junho.

O PIB brasileiro encolheu 2,5%, no primeiro trimestre, e 9,7%, no segundo trimestre, ambos na comparação com os três meses imediatamente anteriores, conforme dados do IBGE divulgados no início deste mês. Quando o PIB registra queda por dois trimestres consecutivos, o país entra em recessão técnica. Logo, a alta de 7,3% ainda não vai recuperar totalmente o tombo acumulado do primeiro semestre e, nos trimestres, seguintes, a taxa de crescimento não vai manter o mesmo ritmo, de acordo com as estimativas do mercado, comprovando que, dificilmente, confirmará um V na retomada, com uma curva mais parecida com uma raiz quadrada.

 

Ajuda de benefício

 

Durante apresentação novo relatório da SPE, Sachsida reconheceu que o auxílio emergencial de R$ 600 distribuído pelo governo para mais de 65 milhões de brasileiros e as medidas fiscais do governo no combate aos impactos econômicos da pandemia de covid-19 foram importante para que essa previsão de queda de 4,7% fosse mantida.

De acordo com o secretário, graças a essas medidas, o mercado, que tinha previsões mais pessimistas do que as do governo, acabaram revisando as projeções quando os indicadores de atividade começaram a apresentar uma recuperação.

O Fundo Monetário Internacional (FMI), por exemplo, prevê retração de 9,1% do PIB do Brasil em 2020, e, segundo Sachsida, as revisões das estimativas do mercado estão convergindo para patamar parecido com os dados que o governo vinha prevendo desde abril.

Ao longo do detalhamento do relatório, o secretário parafraseou o ministro da Economia, Paulo Guedes, e afirmou que a retomada da economia está sendo em V e que "o Brasil ainda vai surpreender o mundo”. Para Sachsida, as projeções da SPE não são otimistas, mas "realistas” diante do cenário de pandemia global.

A previsão do governo para o PIB do terceiro trimestre está em linha com a da MB Associados, que espera alta de 7,3% na atividade econômica entre julho e setembro. A consultoria prevê retração de 4,8% no PIB deste ano.

De acordo com Sachsida, a secretaria incluiu no cálculo do PIB a previsão de redução do auxílio emergencial para R$ 300 nos quatro últimos meses do ano. Ele ainda reconheceu que a recessão da economia brasileira provocada pela pandemia é grave.

Com base em dados do FMI, a secretaria fez um comparativo do PIB de vários países nas principais crises econômicas que ocorreram desde 1980 e constatou que, neste ano, devido à pandemia de covid-19, mais de 80% dos países acompanhados pelo Fundo devem apresentar retração na economia. Esse dado é quase o dobro do pico de 47% computados na crise financeira global, em 2009.

Para 2021, a SPE manteve a previsão de crescimento do PIB em 3,2% na comparação com o relatório anterior, divulgado em julho. Contudo, reduziu de 2,6% para 2,5% a estimativa de expansão em 2022. Essa é a mesma taxa estimada para os dois anos seguintes.

Renda Brasil

Sachsida conduziu a entrevista no lugar do secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, que se isolou após as críticas do presidente Jair Bolsonaro às propostas da equipe econômica, como a de congelamento de aposentadorias para criar o Renda Brasil. O programa que seria criado para substituir o Bolsa Família no ano que vem virou palavra proibida por Bolsonaro.

Logo no início da apresentação o chefe da SPE procurou dar razão ao presidente, que proibiu a equipe de voltar a falar em Renda Brasil, e criticou o vazamento das informações. “O que me parece que o presidente Bolsonaro coloca corretamente é que as discussões não podem ser públicas. Você não pode ficar lançando ideias publicamente. Acho que foi isso o que ele deixou claro”, afirmou. Segundo ele, o presidente “é um parceiro pró-mercado” e o governo continuará avançando na pauta de reformas.

 

ontudo, Waldery optou por se isolar ontem e coube ao chefe da SPE, Adolfo Sachsida, conduzir a entrevista, que foi bem mais curta do que quando o secretário especial está à frente das coletivas, que se estendem por, no mínimo, três horas. Logo no início, Sachsida procurou dar razão ao presidente, que proibiu a equipe de voltar a falar em Renda Brasil, e criticou o vazamento das informações. 


“O que me parece que o presidente Bolsonaro coloca corretamente é que as discussões não podem ser públicas. Você não pode ficar lançando ideias publicamente. Acho que foi isso o que ele deixou claro”, afirmou. Segundo ele, o presidente “é um parceiro pró-mercado” e o governo continuará avançando na pauta de reformas.