Governo

'Temos que ter humildade de corrigir o rumo', diz auxiliar de Guedes

Carlos da Costa afirma que a equipe econômica vai defender o teto de gastos mesmo que isso "custe alguns feridos no caminho", mas reconhece que, às vezes, é preciso aprender com os erros

Apesar de ter sido ameaçada com um cartão vermelho do presidente Jair Bolsonaro, a equipe econômica está unida e vai continuar defendendo o teto de gastos, mesmo que isso "custe alguns feridos no caminho". A avaliação é do secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa. No entanto, o auxiliar de Paulo Guedes reconheceu: às vezes, é preciso aprender com os próprios erros e corrigir o rumo.

"Nós defendemos o teto de gastos com unhas e dentes. A equipe econômica é unida, estamos fortes e não podemos deixar o teto sob ataque. E, se tiver sob ataque, a gente vai defender, ainda que isso custe alguns feridos no caminho", afirmou Carlos da Costa, que representou o ministro da Economia, Paulo Guedes, em live com o setor industrial nesta quinta-feira (17/09).

O secretário admitiu que a criação de um sistema econômico liberal, como o defendido por Guedes, é "um caminho longo e árduo que requer persistência e perseverança". Acrescentou que, nesse caminho, às vezes são cometidos erros que precisam ser ajustados, não só por causa das diretrizes do ministério da Economia, mas também em razão da autoridade do presidente Jair Bolsonaro. 

"Podemos tropeçar, cometer erros. Cometemos o tempo todo. Só comete erro quem faz. Mas sempre temos que ter humildade de aprender, ouvir, corrigir o rumo e seguir com os valores que nós temos e com a escolha que o povo deu nas urnas e com a autoridade do nosso presidente", comentou.

Costa lembrou, ainda, que a equipe econômica só está no governo graças ao presidente Jair Bolsonaro. Em última instância, é o chefe do Executivo quem decide o rumo das políticas adotadas por Guedes e sua equipe.

"No ano retrasado, uma pessoa chamada Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República. Os votos são dele, a decisão é dele. Nós estamos aqui por um reconhecimento do presidente Bolsonaro de que aquilo que nós propomos é o melhor para o país e todos nós somos muito gratos da oportunidade de contribuir com o país dada pelo presidente Bolsonaro e eu, em particular, pelo ministro Paulo Guedes", afirmou Costa.

Tensão

A declaração vem meio aos questionamentos sobre a permanência do secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, no governo. No início da semana, Waldery revelou que a equipe econômica estudava congelar aposentadorias e pensões para bancar o Renda Brasil. A declaração deixou Bolsonaro extremamente irritado. O presidente chegou até a ameaçar com um cartão vermelho quem lhe apresentasse propostas como essa, o que instaurou um clima de grande tensão no Ministério da Economia.

Hoje, o ministro Paulo Guedes, por sinal, cancelou a participação no evento do setor industrial em cima da hora, por conta de um "imprevisto inadiável" que não foi esclarecido pelo Ministério da Economia. Logo depois, convocou mais uma reunião com o seu secretariado. Na quarta-feira (16/09), o ministro passou quatro horas reunido com seus secretários para tentar afinar o discurso e evitar novos desgastes.

No evento com a indústria, Carlos da Costa não fez comentários sobre esse impasse. Mas admitiu que a equipe econômica retomou as reuniões presenciais nesta semana, que a reunião da quarta-feira terminou tarde e que o ministro tem trabalhado bastante durante a crise da covid-19.

BID

Carlos da Costa negou os boatos de que esteja de saída do governo, para ocupar um cargo no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A possibilidade já veio à tona algumas vezes e voltou a ser ventilada nesta quinta-feira. "Eu estou na Sepec (Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade), tem muita coisa a ser feita", avisou. Costa disse estar focado no processo de retomada econômica no pós-coronavírus.

Ele brincou, por sua vez, que se sente honrado por ser lembrado para um cargo de projeção. E admitiu que, uma hora ou outra, todos devem sair do governo. "Obviamente, um dia a gente vai sair do governo. O presidente, por exemplo, vai sair. O governo termina em 31 de dezembro de 2022. Pode ser que o presidente se candidate e se reeleja. Pode ser que o ministro continue no segundo mandato ou não. Hoje a decisão é que continuo secretário, trabalhando com uma equipe extraordinário que muito me orgulha", afirmou.

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