A produção industrial brasileira cresceu 3,2% em agosto, no quarto mês consecutivo de recuperação. Porém, ainda não conseguiu compensar todas as perdas acumuladas na pandemia de covid-19. No ano, o setor ainda acumula uma retração de 8,6%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado de agosto ainda revela uma desaceleração no ritmo de recuperação da indústria. Após desabar 9,3% e 19,5% em março e abril, respectivamente, a produção das fábricas havia apresentado reações de 8,7% em maio, 9,7% em junho e 8,3% em julho.
A desaceleração era esperada, mas veio mais forte do que o projetado pelo mercado. “Esperávamos ficar um pouco mais perto do nível pré-pandemia, mas o resultado não chega a acender um sinal amarelo. A desaceleração era esperada porque, nos meses anteriores, a base era muito baixa, qualquer avanço era um percentual significativo”, avaliou o gerente de Análise Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Marcelo Azevedo.
Gerente da pesquisa, André Macedo, do IBGE, avaliou que o saldo positivo de agosto mostra que a indústria segue em recuperação, mas lembrou que o impacto do isolamento social no setor foi muito grande, pois deixou muitas fábricas praticamente paradas em abril. “Há uma manutenção de certo comportamento positivo do setor industrial nos últimos meses. É um avanço bem consistente e disseminado entre as categorias, mas ainda há uma parte a ser recuperada”, acrescentou Azevedo, da CNI. Segundo o IBGE, a produção industrial ainda está 2,6% abaixo do patamar de fevereiro.
Setores
A alta na produção foi sentida nos três grandes subsetores: bens duráveis, não duráveis e de capital. Porém, a recuperação ainda se dá de forma muito desigual, segundo a CNI.
“Na comparação com fevereiro, segmentos como os de móveis, produtos de informática, bebidas e alimentos já estão positivos. Na outra ponta, alguns ainda mostram uma queda grande, como artigos de vestuário, couros, calçados e veículos”, relatou Azevedo.
A produção de veículos, no entanto, foi o destaque da pesquisa, com um salto de 19,2% em agosto e de 901,6% nos últimos quatro meses. A produção das montadoras, porém, ainda está 22,4% abaixo do patamar de fevereiro. (MB)
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