PAGAMENTOS

Pix na mira dos fraudadores

Criminosos usam sites falsos, e-mails e mensagens de SMS para capturar dados pessoais e bancários das pessoas. Especialistas alertam que cadastro no sistema do BC deve ser feito apenas por meio de canais oficiais das instituições

Correio Braziliense
postado em 08/10/2020 00:59

O grande interesse dos brasileiros em relação ao Pix também tem despertado a atenção de criminosos. As tentativas de fraude começaram antes mesmo dos cadastros do sistema de pagamentos instantâneos, mas se acentuaram ao longo desta semana. E, segundo especialistas, podem até superar as fraudes constatadas ao longo dos pagamentos do auxílio emergencial.

Empresa internacional de cibersegurança que tem monitorado o lançamento do Pix, a Kaspersky calcula que 30 domínios fraudulentos com o termo “pix” foram cadastrados no Brasil só nas primeiras horas comerciais da última segunda-feira, quando teve início o cadastro das chaves do sistema de pagamentos instantâneos.

Até ontem, o Banco Central contabilizava 16,6 milhões de chaves cadastradas. “Se os registros continuarem crescendo nos próximos dias, na mesma velocidade, podemos chegar aos 100 sites falsos no meio da semana”, calcula o especialista sênior de segurança da Kaspersky no Brasil Fabio Assolini.

Assolini lembra que, antes mesmo disso, já tinham sido identificados e-mails falsos que ofereciam o cadastro no Pix, com o objetivo de capturar os dados bancários dos clientes.

De acordo com a Kaspersky, os criminosos também usam os sites falsos para distribuir vírus ou capturar os dados dos internautas. Por isso, disparam os endereços ilegais para milhares de pessoas por meio de e-mail, redes sociais ou SMS. A Kasperky já identificou três tipos de fraudes diferentes envolvendo o Pix.

Os criminosos podem usar os sites falsos para tentar instalar softwares mal intencionados no computador ou no celular da vítima e, assim, coletar as informações desejadas.

Os links ilegais enviados pela internet também podem direcionar os usuários para um site falso do banco, que vai simular o cadastro no Pix, roubando dados pessoais e as senhas do usuário e de aplicativos usados pela vítima.

A Kaspersky já havia identificado tentativas de fraude no pré-cadastro do Pix. Nesse caso, os brasileiros recebem um e-mail que oferece o cadastro no sistema, mediante o preenchimento das informações pessoais e bancárias. Os criminosos coletam esses dados e podem usá-los no próprio Pix.

Para não ser vítima de fraudes, a recomendação dos especialistas e dos bancos é não clicar em links recebidos por e-mail, redes sociais ou SMS. O cadastro no Pix sempre é realizado dentro dos canais bancários — aplicativos ou internet banking — já usados pelos clientes.

Apesar das tentativas de fraude, os bancos garantem que o Pix é seguro. O Banco Central afirma que o sistema de pagamentos instantâneos foi construído priorizando a segurança, tanto que todas as informações e transações ocorrerão “de forma criptografada, em uma rede protegida e apartada da internet”.

Esforço para segurar clientes
Mesmo com o grande interesse da população pelo Pix, os bancos brasileiros estão oferecendo prêmios de até R$ 1 milhão para quem se registrar no sistema de pagamentos instantâneos. A ideia é manter os cientes conectados ao banco e evitar que eles migrem para outras instituições financeiras. Afinal, o Pix promete corroer parte das receitas bancárias, mas os bancos acreditam que, mantendo uma ampla base de clientes, será possível compensar essa queda de receita.

16,6
milhão

Número de chaves de acesso ao novo sistema registradas até ontem, segundo o Banco Central

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