CB.AGRO

"Agronegócio vai continuar crescendo"

Presidente da Aprosoja diz que o Brasil pode ser a grande potência global na produção de alimentos. Para ele, é possível produzir mais com menos recursos, mas a pressão de países europeus por maior proteção ambiental esconde interesses econômicos

Bruna Pauxis* Edis Henrique Peres*
postado em 09/10/2020 00:59
 (crédito: Andre Rosa/CB/D.A Press)
(crédito: Andre Rosa/CB/D.A Press)

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Bartolomeu Braz, afirmou que a pandemia da covid-19 não parou o agronegócio, “que entregou a maior safra de soja do planeta neste ano”. “Nós teremos um aumento de 3,4 % na área plantada. Devemos semear, nesta safra, 38,5 milhões de hectares, contra 36,9 milhões na safra passada. Então, o agro vai continuar crescendo”, afirmou, em entrevista ao programa CB.Agro, parceria entre o Correio e a TV Brasília.

Na opinião de Braz, o país precisa usar o sistema de agricultura de precisão para conseguir produzir mais com menos recursos, aumentando a produtividade por hectare. Ele também falou sobre os casos de desmatamento e queimadas que ameaçam o acordo entre Mercosul e União Europeia. Para o presidente da Aprosoja, o discurso de autoridades europeias é, na verdade, uma estratégia para atender aos seus interesses políticos internos. Para ele, o acordo, que já é discutido há 20 anos, passará por dificuldades, mas será resolvido.

O executivo destacou que o Brasil tem um dos sistemas de produção mais sustentáveis do mundo. E disse que a soja interiorizou a economia do Brasil. “Onde tem soja nos municípios, depois de oito ou 10 anos o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) sai de baixo, muito baixo, para alto, muito alto”, salientou. Ele frisou que o Brasil tem meios para ser a grande potência do mundo nas principais cadeias de produção e citou estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que aponta que, até 2050, haverá 9 bilhões de habitantes na Terra. “No mesmo estudo deles é dito que quem terá o compromisso e condições climáticas, ciência, pesquisa e produtores para abastecer 50% dessa demanda mundial é o Brasil.”

Ao comentar as pressões de países europeus para que o Brasil aumente a proteção ao meio ambiente, Braz disse que o país segue as regras da legislação ambiental e que essas nações reclamam, mas que não há onde buscarem alimentos. “Onde vão encontrar isso (alimentos) acessíveis e que dê acesso à população?”, questionou. “Foi sinalizado, hoje ainda, que o Reino Unido já aceita as leis brasileiras como elas são, basta que nós cumpramos a lei, o que já estamos fazendo aqui”, ressaltou.

Desmatamento
Braz enfatizou que a Aprosoja é contra o desmatamento ilegal e que deve haver distinção do desmatamento legal. Comentou, também, sobre a ruptura da entidade com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), envolvida com organizações não governamentais, que, segundo disse, “trazem a maior preocupação para o setor”. “Quando nós estávamos lá, sentíamos que estávamos ajudando a prejudicar a imagem do Brasil e também do produtor rural”, emendou. “Buscaram, também, questões políticas, politizaram muito. Parece que não concordam com a forma de governo atual e acham que devem fazer alguma coisa para prejudicar a imagem”, argumentou.

*Estagiários sob a supervisão de Cida Barbosa


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