Apesar de o país estar numa transição do período seco para o úmido, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) determinou o despacho de térmicas, que geram a energia mais cara do mercado. Isso ocorreu, segundo o diretor de Operação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Sinval Gama, porque os reservatórios do Sul do país estão com o pior armazenamento em 81 anos.
“A chuva veio em algumas regiões, mas é preciso vazão para que a água chegue aos reservatórios. Ainda não chegou”, explicou, ao participar da edição de 2020 do Brazil WindPower, maior evento da América Latina de energia eólica, realizado esta semana de forma virtual.
Gama ressaltou que todos os anos o setor elétrico passa por processo de transição entre o período seco e o úmido e vice-versa. “Há todo um ritual com expectativa de ter chuvas e chuvas transformadas em vazão. A partir daí fazemos prognóstico com a vazão. Hoje, a maioria dos armazenamentos está relativamente na mesma ordem de grandeza de 2019”, destacou. Quando ocorre atraso da chuva é necessário fazer um despacho fora da ordem de mérito, que é autorizar usinas termelétricas, cuja energia é a mais cara do mercado, a produzirem eletricidade.
O despacho também é feito quando os reservatórios estão com armazenamento próximo do mínimo, que é o caso do Sul do país. “Monitoramos todas as semanas se as chuvas estão chegando, se estão virando em vazão e se estão chegando em reservatórios”, explicou.
Durante o período molhado, se espera encher os reservatórios, porque a água não é usada apenas para gerar energia. “Nós estamos no pior outubro em 81 anos no Sul. E não trabalhamos com a expectativa do pior. No começo do ano, estabelecemos uma curva. Se houve atraso de curva é autorizado o despacho fora da ordem de mérito para atender o uso múltiplo das águas”, reiterou.
Adicionalmente, há uma regra diferenciada para os reservatórios de Furnas e Mascarenhas de Moraes, que são contíguos. O diretor do ONS esclareceu que houve uma demanda da sociedade para estabelecer um nível maior no reservatório para usos adicionais além do setor elétrico. “Quando isso foi incorporado no modelo que define a geração, o sistema acaba buscando outra fonte de geração para suplementar a diferença”, assinalou.
Nordeste
Uma outra restrição é a transmissão. Segundo Gama, ainda não é possível trazer mais energia do Nordeste. “Existe um limite de confiabilidade no sistema. Se transportar mais energia e, por acaso, tiver uma perturbação no sistema é possível ter corte de carga. Monitoramos para não haver desligamento. Isso só será resolvido com finalização de obras que estão em andamento”, explicou.
Não é falta de capacidade, acrescentou Gama, são momentos pontuais nos quais há alta geração eólica e solar, porém com limitação na transmissão. “Parte dessa gestão, a sala de controle (do ONS) faz. Agora, os gargalos só serão resolvidos no próximo ano.”
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