CONJUNTURA

Bolsa despenca e dólar dispara

Nova onda de contágio de covid-19 na Europa e nos Estados Unidos derruba mercados em todo o mundo. Ibovespa recua 4,25% e moeda norte-americana sobe para R$ 5,79. BC vende US$ 1 bilhão para evitar maior desvalorização do real

» Edis Henrique Peres*
postado em 29/10/2020 00:45 / atualizado em 29/10/2020 02:14
 (crédito: Bryan R. Smith/AFP - 11/3/20)
(crédito: Bryan R. Smith/AFP - 11/3/20)

Num dia marcado por forte nervosismo nos mercados de todo o mundo, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) amargou uma queda de 4,25%, com o Ibovespa fechando aos 95.368 pontos, menor patamar desde 2 de outubro. O dólar, por sua vez, disparou. A moeda norte-americana chegou a bater em R$ 5,79, mas cedeu após o Banco Central realizar um leilão de venda de dólares à vista e terminou o dia cotada a R$ 5,763, com alta de 1,43%. Foi a maior intervenção individual do BC no mercado de câmbio desde 12 de março, no início da pandemia

“A volatilidade foi um problema no mundo inteiro”, pontuou Marco Harbich, estrategista da Terra Investimentos. Ele explicou que o mau humor dos investidores foi causado, sobretudo, pelo aumento de casos da covid-19 nos Estados Unidos e na Europa, e pelas dúvidas sobre como será o impacto dessa segunda onda de infecções na economia dos diversos países. O governo da França anunciou um lockdown em todo o país a partir de amanhã. Na Alemanha, o fechamento da economia será parcial.

“Não sabemos se haverá novas medidas de restrições e como elas vão afetar o setor de vendas de alimentos, como bares e restaurantes, e o setor de serviços”, disse o economista.

Apenas os Estados Unidos, em sete dias, contabilizaram 500 mil novos casos. Além disso, os EUA enfrentam um impasse na definição de um novo pacote de estímulos à economia, o que tem causado volatilidade nos mercados locais. Ontem, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, com forte concentração de empresas industriais, caiu 3,42%, a pior queda desde junho. O S&P500 recuou 3,53% e o Nasdaq, das empresas de tecnologia, teve retração de 3,73%.

Corrida
A incerteza provocou, ainda, uma corrida para o dólar no mundo todo, que não afetou apenas o real. As moedas da Rússia, da Turquia e do México assumiram as primeiras posições no ranking das perdas diante do dólar.

Gabriela Hoffman, economista da Messem Investimentos, ressaltou, no entanto, que as pessoas, hoje, já estão mais acostumadas a medidas de restrição e a ter cautela ao andar nas ruas. Além disso, há as pesquisas de diferentes vacinas. “Falando em nível de preparação de pessoas e economicamente também, estamos em uma situação diferente da de março, porque já sabemos mais do vírus e estamos mais preparados”, afirmou.

Com a queda de ontem, o Ibovespa limitou o ganho de outubro a apenas 0,81%, após ter chegado a se aproximar de 8% na semana passada. Nenhuma ação conseguiu fechar em alta, ontem, na B3. Os destaques ficaram para as perdas de 6% nas ações da Petrobras (PN -6,09% e ON -6,14%), e de 3,63% para Vale ON. No caso dos bancos, as quedas chegaram a 6,02% (Bradesco ON), e, nas siderúrgicas, a 7,74% (Usiminas).

*Estagiário sob a supervisão de Odail Figueiredo

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Petrobras tem prejuízo de R$ 1,5 bilhão

 (crédito: Mauro Pimentel/AFP - 9/3/20)
crédito: Mauro Pimentel/AFP - 9/3/20

A Petrobras teve prejuízo de R$ 1,5 bilhão no terceiro trimestre de 2020. O resultado reverteu o lucro de R$ 9 bilhões no mesmo período do ano passado. No segundo trimestre, a estatal também teve prejuízo, de R$ 2,7 bilhões, mas a maior perda foi nos três primeiros meses do ano. No acumulado, em nove meses, o prejuízo soma R$ 52,8 bilhões ante ganhos de R$ 32 bilhões até setembro de 2019. O balanço foi divulgado ontem.

No documento, assinado pelo presidente da empresa, Roberto Castello Branco, a companhia afirma que a rápida resposta à recessão global está começando a dar resultados. “Apesar das restrições impostas pela pandemia e pelo ambiente incerto, nosso desempenho operacional e financeiro melhorou significativamente conforme demonstrado pelo aumento da produção de petróleo e gás natural e do fator de utilização de nossas refinarias e pela forte geração de caixa”, disse.

Nos primeiros nove meses do ano, o fluxo de caixa livre atingiu US$ 16,4 bilhões e o fluxo de caixa livre para os acionistas, US$ 6,8 bilhões. “O forte desempenho permitiu reduzir nossa dívida bruta de US$ 87,1 bilhões, em 30 de dezembro de 2019, para US$ 79,6 bilhões, em 30 de setembro de 2020. Este valor está abaixo da nossa meta anterior de manutenção do mesmo nível de dívida do último ano, dado o cenário hostil”, afirmou o presidente, no balanço.

Nos últimos 21 meses, segundo o documento, foi possível reduzir US$ 31,3 bilhões de dívida, cerca de US$ 1,5 bilhão por mês. “Nosso caixa ajustado foi reduzido para US$ 13,4 bilhões no terceiro trimestre de 2020. Ainda há espaço para reduções adicionais tendo em vista a disponibilidade de mais de US$ 8 bilhões em linhas de crédito compromissadas e a importância da alocação eficiente de capital”, destacou.

A produção do pré-sal aumentou 32% em 2020 comparado com os nove meses de 2019, representando 70% da produção de petróleo no Brasil. Os custos de extração caíram de US$ 7,9 por barril de óleo equivalente (boe), no terceiro trimestre de 2019, para US$ 4,5/boe agora. “Aproximadamente 60% do declínio ocorreram devido à redução de custos, ganhos de eficiência, incremento da produção e gestão ativa de portfólio, enquanto o restante foi ocasionado pela depreciação do real em relação ao dólar.”

O programa de desinvestimentos teve sua velocidade afetada pela pandemia da covid-19, gerando apenas US$ 1 bilhão de entrada de caixa nos nove meses de 2020. “No entanto, o programa permanece vivo e muito ativo. Há 10 operações assinadas a serem fechadas, 32 projetos em fase vinculante e sete ativos na fase inicial do processo de desinvestimentos”, informou a nota do presidente no balanço.

Mais dividendos
Apesar do prejuízo acumulado, a Petrobras anunciou mudança na política de dividendos, com maior distribuição aos acionistas. A nova diretriz tem “o objetivo de trazer mais flexibilidade ao dar à companhia a opção de distribuir dividendos mesmo com prejuízo contábil em um determinado ano, desde que a dívida líquida tenha diminuído nos últimos 12 meses, sendo essa distribuição limitada ao valor dessa redução”, detalhou a estatal, em comunicado.

Aviso da Receita

Mais de um terço dos contribuintes que caíram na malha fina neste ano podem escapar do Leão apenas retificando a declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) 2020. Por isso, a Receita Federal vai enviar cartas convidando essas pessoas a corrigir os dados a partir de hoje.

Segundo o Fisco, cerca de 911 mil declarações do IRPF 2020 ficaram retidas na malha fina. Quase 100 mil delas já foram retificadas, mas 812,8 mil ainda apresentam dados inconsistentes e indícios de irregularidades. Por isso, 334 mil desses contribuintes receberão as cartas da Receita nos próximos dias, sendo 12,3 mil no Distrito Federal.

“Selecionamos 334 mil casos que em que é possível resolver a pendência da declaração só com a retificação. Estamos enviando um convite para que os contribuintes acessem o extrato da declaração na internet, vejam a pendência, se esqueceram ou preencheram algo errado, e, se concordarem com a inconsistência, informem os valores corretos”, explicou o coordenador-geral de fiscalização do Fisco, o auditor-fiscal Altemir Linhares de Melo.

Melo contou que 46% desses contribuintes caíram na malha fina por conta da omissão de algum rendimento, próprio ou de dependentes, como um aluguel ou uma bolsa de estudos não declarada. O segundo maior motivo de inconsistências diz respeito à falta de comprovantes de despesas médicas que poderiam ser deduzidas do IR. Por isso, o Fisco espera que 80% dessas pendências sejam retificadas.

Porém, se não concordar com a inconsistência apontada pelo Fisco, o contribuinte pode abrir um processo de resposta à malha fina nos canais digitais da Receita para apresentar os documentos que comprovam os dados já apresentados na declaração do IRPF. Outra opção é aguardar a notificação formal do Leão. Depois de notificado, contudo, o contribuinte fica sujeito à cobrança de uma multa de, no mínimo, 75% do valor do imposto que deixou de ser pago pelo contribuinte.

Segundo Melo, quem receber o convite para a autorregularização tem 30 dias para fazer a correção, antes de qualquer notificação. E, se tiver a nova documentação aprovada, logo será incluído no próximo lote de restituição. Já os demais contribuintes, que apresentaram pendências mais difíceis de serem solucionadas, devem começar a receber a notificação do Fisco nos próximos dias. (MB)

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