Balanço

Presidente da Petrobras minimiza prejuízo acumulado de R$ 52,8 bi

Roberto Castello Branco diz que a variável é apenas contábil. O que importa, segundo ele, é a geração de caixa da empresa, responsável pelo pagamento de funcionários, impostos e por investimentos

Simone Kafruni
postado em 29/10/2020 17:02
Presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco avaliou resultado da empresa como excelente -  (crédito: Fernando Frazão/Agencia Brasil - 18/4/19
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Presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco avaliou resultado da empresa como excelente - (crédito: Fernando Frazão/Agencia Brasil - 18/4/19 )

Depois de a Petrobras anunciar um prejuízo de R$ 1,5 bilhões no terceiro trimestre, com uma perda acumulada de R$ 52,8 bilhões no ano, o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, em coletiva de imprensa, minimizou, nesta quinta-feira (29/10), o resultado do balanço divulgado na véspera.

Segundo ele, a empresa teve uma recuperação excelente e houve uma “assimetria na percepção do resultado financeiro”. “O que o investidor valoriza é a geração de caixa. O lucro é uma variável contábil, que reflete registros. Um fator importante no resultado foi a baixa de ativos da ordem de US$ 13,2 bilhões, muito significativa”, ressaltou, referindo-se ao impairment realizado no primeiro trimestre do ano.

O balanço mostrou que o fluxo de caixa livre atingiu US$ 16,4 bilhões, e o fluxo de caixa livre para os acionistas, US$ 6,8 bilhões. Com esse resultado, a empresa conseguiu reduzir a dívida bruta de US$ 87,1 bilhões, em 30 de dezembro de 2019, para US$ 79,6 bilhões, em 30 de setembro de 2020. Para Castello Branco, embora a empresa tenha reportado prejuízo, a perda não implicou redução de geração de caixa. “Geração de caixa é que paga salários, impostos, dívidas e financia os investimentos. Uma empresa sem caixa é como um ataque do coração, para tudo”,explicou.

Castello Branco lembrou que o preço do petróleo chegou a cair para US$ 19 o barril em abril. “Apesar deste choque de demanda, tivemos um excelente desempenho operacional. Nossa produção de petróleo aumentou 9% em relação a 2019. Nossas refinarias, que chegaram a 55% de capacidade, agora operam acima de 80%. Mesmo com redução de preços de combustíveis, não tivemos margens negativas e não acumulamos estoques, que estão baixos”, pontuou.

O custo médio de extração da petroleira caiu de US$ 7,9 por barril de óleo equivalente (boe), no terceiro trimestre de 2019, para US$ 4,5/boe no mesmo período deste ano. Porém, o presidente da empresa ressaltou que que o custo de produção no pré-sal está em US$ 2,30. “O resultado é excepcional. Agora, continuamos a trabalhar. O programa de desinvestimento foi mais lento do que esperávamos, mas está vivo. Temos 49 ativos em diferentes estágios do processo de venda. Esperamos ainda este ano fechar alguns negócios importantes”, assinalou.

Embora em tom de celebração com os resultados, Roberto Castello Branco reconheceu que o futuro é desafiador. “Estamos conscientes de que vencemos apenas uma batalha, não a guerra. A Petrobras é uma empresa muito endividada. Graças à forte geração de caixa, conseguimos reduzir a dívida. Temos ainda custos elevados e vamos seguir na redução. Temos vasto rol de iniciativas para ganhar eficiência, projetos de inovação tecnológica que terão efeitos importantes no futuro, sobretudo na exploração”, enumerou.

O presidente da estatal destacou ainda que o índice de emissão de carbono da Petrobras é um dos melhores do mundo e lembrou dos programas sociais. “Na área social, fomos ativos em doações para combater a covid, temos ações para primeira infância e educação ambiental, programas de preservação das espécies marinhas e governança sólida. Agora mesmo aprovamos um guia de conduta ética dos fornecedores”, detalhou Castello Branco.

Preços e dividendos

O presidente da Petrobras afirmou que os preços dos combustíveis seguem a lógica das commodities globais. “O diesel caiu significativamente, com trajetória de queda de novembro (2019) até abril. Depois subiu um pouco, mas está muito aquém do ano passado”, reforçou. “Alguns dizem que cobramos abaixo para impedir que importadores façam seus negócios, outros reclamam que está cado. Não vamos comprar market share a custas de prejuízo. Isso foi feito no passado com resultados tenebrosos para Petrobras. Os preços de diesel no Brasil são 14% inferiores à média global numa amostra de 130 países”, frisou.

Sobre a nova política de remuneração de acionistas, o presidente da estatal disse, mais cedo, em reunião virtual com analistas, que não a empresa não vai se endividar para pagar dividendos. “O conselho de administração é o órgão que decide sobre a política. Quanto ao valor de pagamento de dividendos quem aprova é a Assembleia Geral de Acionistas”, ressaltou. Segundo ele, a melhor maneira de minimizar riscos futuros e intervenções que provoquem prejuízo é construir uma empresa sólida. “Não há como blindar. Mas, em uma empresa sólida, quem quiser intervir terá de pensar 10 vezes antes, porque será facilmente percebida sua má intenção.”

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