O mercado financeiro brasileiro refletiu o otimismo dos investidores norte-americanos ontem. O índice Ibovespa, o principal da Bolsa de Valores brasileira, fechou com alta de 2,95%, aos 100.751 pontos. O dólar comercial, por sua vez, caiu 1,91% e encerrou vendido a R$ 5,54, com desvalorização ante as principais moedas emergentes. Nos Estados Unidos, Wall Street teve o melhor resultado pós-eleições em mais de 100 anos, mas o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, fechou em alta de 1,95%.
Ao longo do dia, diante do avanço na apuração dos votos nos EUA, o Ibovespa operou em alta e ultrapassou os 100 mil pontos mais de uma vez, ao acompanhar a tendência otimista norte-americana. Às 14h, no entanto, a alta passou a ser mais expressiva e, no fim da tarde, o índice registrou alta de 3%, beirando os 101 mil pontos. A alta se consolidava à medida em que a disputa entre os candidatos à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden (Democratas) e Donald Trump (Republicanos), se acirrava, com a diferença entre ambos diminuindo em estados-chave na disputa.
Outro fator determinante, ontem, foram as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que levaram investidores a acreditarem em novos estímulos econômicos, ainda que sem uma data definida. O Banco Central americano optou por manter os juros entre zero e 0,25 ao ano, como já era previsto pelo mercado.
Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, explica que o resultado parcial das eleições americanas tem sido bem recebido pelos investidores nos EUA. “Em Wall Street, os investidores comemoram o resultado que tem se desenhado na disputa. Há grande chance de termos um presidente democrata e um senado equilibrado em número de cadeiras. Isso é bem-visto pelo mercado, porque gera equilíbrio político, impede políticas extremas”, afirmou.
Interesses
Já Renan Silva, economista da Bluemetrix Ativos, observa que a política americana é de defesa de interesses do país e pouco importa qual seja o partido do ocupante da Casa Branca. “Os EUA têm uma política de defender os interesses deles. Isso vale tanto para republicanos quanto para democratas. Mas, o mercado faz uma leitura de que, com uma vitória de Biden, algumas tensões com a China podem diminuir e o Brasil é um grande parceiro do país asiático. O mercado aceitou bem o nome do Biden, gostou da mudança. Mas, eu acho que é bem nesse sentido da redução das tensões”, afirmou.
No cenário doméstico, outro fator determinante para o resultado positivo da Bolsa foi a divulgação do índice Gerente de Compras (PMI). Isso elevou ainda mais o ânimo no mercado brasileiro com uma recuperação mais expressiva da economia.
“Em relação ao dólar,que está em queda, ele estava muito pressionado na semana passada. Era esperado que ele desse essa arrefecida, nesta semana, porque estava efetivamente bem pressionado. De alguma forma, as eleições se relacionam com a desvalorização do dólar no qual diminui-se o risco da precificação desta moeda”, explicou Renan.
*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi
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