Diplomacia

Governo Bolsonaro manifesta apoio a iniciativa dos EUA para conter 5G chinês

Governo Bolsonaro manifesta apoio a iniciativa dos Estados Unidos para excluir a Huawei, líder mundial na tecnologia de telecomunicações, do leilão previsto para 2021 no Brasil. Medida surpreendeu ministérios

Correio Braziliense
postado em 11/11/2020 06:00
 (crédito: AFP / NICOLAS ASFOURI)
(crédito: AFP / NICOLAS ASFOURI)

O governo Jair Bolsonaro deu ontem um passo importante no apoio à iniciativa dos Estados Unidos para barrar a tecnologia chinesa 5G de telecomunicações. Após uma cerimônia no Itamaraty com o secretário de Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Keith Krach, e o secretário de Negociações Bilaterais e Regionais nas Américas, embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva, o governo brasileiro declarou apoio à iniciativa Clean Network (Rede Limpa), lançada pelo governo Donald Trump.

A adesão ao programa pode acarretar a exclusão da empresa chinesa Huawei, líder global no segmento, do leilão para implementar a tecnologia de última geração no país, previsto para o próximo ano. O desfecho, porém, vai depender da diretriz que o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, vai adotar sobre o assunto. Para analistas, a retórica agressiva de Trump contra a China será abolida. Biden, contudo, já se manifestou a favor de uma aliança internacional contra a China, focada na defesa da propriedade intelectual e da transferência de tecnologia.

A declaração, além disso, não formaliza o impedimento da participação da Huawei na tecnologia 5G, que depende de um decreto presidencial. Na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que definirá as regras do leilão da tecnologia em 2021, o assunto foi recebido com surpresa. Um sinal de que o governo brasileiro ainda não se decidiu sobre o tema é a ausência do Ministério das Comunicações no evento, realizado no Itamaraty. A pasta é a responsável pelas discussões sobre o 5G no País. Procurada, a pasta não se pronunciou.

O programa Rede Limpa é uma iniciativa diplomática para convencer países a banir de suas redes de telecomunicações “fornecedores não confiáveis”. O governo Trump afirma que a tecnologia chinesa ameaça a privacidade de cidadãos coloca informações sensíveis de empresas sob risco de invasões de “atores malignos, como o Partido Comunista Chinês (PCC)”.

A decisão foi comemorada pelos americanos. “O Brasil é o primeiro país da América Latina a respaldar os princípios da Rede Limpa”, celebrou Krach. Segundo ele, 31 dos 37 países da OCDE já fazem parte do programa.

No mês passado, uma delegação norte-americana esteve em Brasília e formalizou uma proposta para financiar a implantação da rede 5G no Brasil. A ideia foi recebida com frieza por empresários brasileiros do setor, já que equipamentos da Huawei já estão largamente presentes nas redes brasileiras de telecomunicações.

Ontem pela manhã, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Brasil ainda não tinha uma decisão tomada sobre o veto ou a liberação de tecnologia chinesa nas redes de 5G. Ele admitiu, porém, que o governo leva em consideração os alertas de países como Estados Unidos e Reino Unido, que barraram a Huawei.

“O Reino Unido impediu os chineses no centro do sistema de 5G, mas permitiu que eles atuassem na periferia das redes. Estávamos indo nessa direção antes da pandemia. Não queremos perder a revolução digital, mas há esses alertas geopolíticos. Ainda estamos analisando essa questão”, afirmou.

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