Consumo

Varejo cresce 0,6% em setembro, no 5º mês de recuperação

Avanço do setor perdeu força, segundo o IBGE. Mas a desaceleração é explicada, segundo o coordenador da pesquisa, Cristiano Santos, pelas intensas altas nos meses anteriores

Marina Barbosa
postado em 11/11/2020 10:39
No pior momento, o varejo desabou 16,6% em abril. Recuperação vem sendo impulsionada pelo auxílio emergencial e pela flexibilização do isolamento -
No pior momento, o varejo desabou 16,6% em abril. Recuperação vem sendo impulsionada pelo auxílio emergencial e pela flexibilização do isolamento -

As vendas no varejo de setembro deste ano cresceram 0,6%, na comparação com agosto. Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quinta-feira (11/11), tal resultado se refere à série com ajuste sazonal, que apresenta a quinta alta consecutiva desde maio. No caso do varejo ampliado – que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção –, o volume de vendas cresceu 1,2% em relação ao mês anterior, também a quinta variação positiva seguida.

O dado de setembro, contudo, veio abaixo das expectativas e aponta para a desaceleração da retomada. Os dados do IBGE explicam que, após crescer 12,2% em maio, 8,7% em junho, 4,7% em julho e 3,1% em agosto, o chamado varejo restrito avançou apenas 0,6% na comparação com o período imediatamente anterior.

“Trata-se de uma diminuição do ritmo de crescimento nos volumes do varejo nacional", observou o gerente da PMC, Cristiano Santos. Mas, conforme enfatizou, tal desaceleração é natural, visto que o setor tinha apresentado altas intensas nos meses anteriores. "É como se a série estivesse voltando à normalidade”, avaliou.

A redução no ritmo também coincide com a diminuição do valor do auxílio emergencial, de R$ 600 para R$ 300, algo que, segundo analistas, pode afetar o desempenho do varejo, visto que o auxílio foi um dos principais motores da recuperação do consumo das famílias. Apesar dessa desaceleração na comparação mensal, o resultado de setembro revela uma alta de 7,4% do varejo restrito em relação ao mesmo período de 2019.

O crescimento de 0,6% ainda permitiu que o setor saísse do vermelho no acumulado de 2020. Segundo o IBGE, o comércio varejista havia recuperado as perdas sofridas na pandemia e, agora, zerou os prejuízos. Isso porque, no acumulado do ano, registra estabilidade (0,0%), após seis meses no vermelho.

Pior momento

No pior momento deste ano, o varejo desabou 16,6% em abril, auge da pandemia de covid-19. Mas, desde então, se recupera impulsionado pelo auxílio emergencial e pela flexibilização do isolamento social. Tanto que, em agosto, registrou um volume recorde de vendas.

O acumulado nos últimos 12 meses também subiu de 0,5% para 0,9%. O comércio varejista ainda registrou recuperação de 6,3% no trimestre encerrado em setembro. É a maior variação positiva para este indicador desde o quarto trimestre de 2012, quando a alta foi de 7,3%, segundo o IBGE.

No varejo ampliado, cresceu 7,4% em relação a setembro de 2019 e 4,2% no trimestre. A alta foi influenciada pelas vendas de material de construção, que cresceram 26,0% no trimestre, recorde histórico da série da PMC.

Porém, segue no vermelho no acumulado de 2020. O setor registra uma perda de 3,6% entre janeiro e setembro e de 1,4%, no acumulado dos últimos 12 meses, por conta da retração das vendas de veículos, motos, peças e partes, que recuaram 18,1%.

Setores

De acordo com o IBGE, o varejo apresentou resultado positivo em cinco das oito atividades pesquisadas. Um dos destaques é a recuperação persistente das vendas de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (1,1%) e móveis e eletrodomésticos (1,0%), algo que pode estar relacionado com o aumento do home office.

Em setembro, ainda houve altas nas vendas de livros, jornais, revistas e artigos de papelaria (8,9%), combustíveis e lubrificantes (3,1%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (2,1%), veículos, motos, partes e peças (5,2%) e material de construção (2,6%).

No sentido oposto, o IBGE constatou uma retração nas vendas de tecidos, vestuário e calçados (-2,4%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,6%); e hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0.4%). O resultado negativo dos supermercados, que vinha crescendo na pandemia, pode ser explicado pela alta da inflação. A pesquisa explica que tal retração diz respeito ao volume de vendas do setor, mas não anula os ganhos de receita.

“A inflação de alimentos em setembro impactou bastante. Nos três últimos meses, os indicadores de receita do setor registram dois índices positivos, 2,1% em setembro e 0,5% em julho, e um negativo, -0,7% em agosto. Já os indicadores de volume foram todos negativos em setembro (-0,4%), agosto (-2,1%) e julho (-0,3%). O componente da inflação influencia os indicadores nos últimos três meses”, explicou Santos.

 

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