Conjuntura

Indicadores regionais sugerem recuperação desigual, diz BC

Dados mostram ritmo de retomada da atividade em cada região do país; nenhuma apresentou volta ao patamar do pré-crise. Centro-Oeste foi a que teve a menor taxa de crescimento no trimestre encerrado em agosto

Rosana Hessel
postado em 13/11/2020 11:45 / atualizado em 13/11/2020 11:46
Pelo boletim do BC, atividades do setor de serviços, sobretudo as afetadas pelo distanciamento social, permanecem deprimidas -  (crédito: Breno Fortes/CB/D.A. Press.)
Pelo boletim do BC, atividades do setor de serviços, sobretudo as afetadas pelo distanciamento social, permanecem deprimidas - (crédito: Breno Fortes/CB/D.A. Press.)

O Banco Central demonstra mais cautela do que o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao comentar a recuperação da economia brasileira da recessão provocada pela pandemia de covid-19. E aponta na direção de um processo de retomada desigual, conforme os dados divulgados, nesta sexta-feira (13/11), e que constam do Boletim Regional de outubro. O estudo, com a análise do trimestre encerrado em agosto, mostra que ainda não há uma recuperação do total do período pré-crise nas comparações na margem (em relação ao mesmo período imediatamente anterior).

"Os indicadores recentes da atividade sugerem recuperação desigual entre setores na economia brasileira. Os programas governamentais de recomposição de renda favoreceram retomada relativamente forte do consumo de bens. Contudo, várias atividades do setor de serviços, sobretudo aquelas mais diretamente afetadas pelo distanciamento social, permanecem bastante deprimidas", destacou o levantamento da autoridade monetária.

"Em termos regionais, os movimentos das economias também foram desiguais, refletindo, em alguns casos, a estrutura produtiva distinta, e, em outros, as diferenças do aumento da mobilidade e dos impulsos dos programas emergenciais", adicionou o texto introdutório do boletim, de 82 páginas.

De acordo com o documento, as economias regionais, após contração severa e disseminada no trimestre encerrado em maio (de 11%), apresentam quadro de crescimento generalizado no trimestre fechado em agosto. Neste sentido, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil (IBC-Br) aumentou 5,9% no período, com a região Norte apresentando a maior alta (6,7%), e a Centro-Oeste a menor taxa (0,5%).

O relatório destaca, ainda, a preocupação com o ajuste fiscal a partir do ano que vem, que é considerado incerto pelo BC, algo que sinaliza risco para o processo de retomada. "A pouca previsibilidade, associada à sua evolução e ao necessário ajuste dos gastos públicos, a partir de 2021, aumenta a incerteza sobre a velocidade da retomada da atividade econômica", destacou.

Detalhamento por região

Apesar do crescimento no trimestre, o Norte apresenta a maior retração comparativamente ao período pré-pandemia, segundo os dados do BC. Este resultado repercute os desempenhos regionais mais fracos nos serviços e na indústria, além de piores indicadores no mercado de trabalho. O comércio ampliado, favorecido pelo auxílio emergencial, registra retomada acima da média nacional. 

O documento apontou, também, que as especificidades da economia do Centro-Oeste contribuíram para arrefecer os impactos da pandemia no nível de atividade da região.

"A vocação agrícola e a produção recorde de grãos impulsionaram as indústrias de processamento de alimentos e os serviços de logística, mitigando os efeitos adversos durante o período mais crítico de restrição de circulação e funcionamento das empresas", informou o texto. O IBCR-CO cresceu menos do que as demais regiões, em relação ao trimestre anterior, quando tinha apresentando uma queda menor também do que os demais (2,8%).

De acordo com o BC, os principais indicadores de atividade do Sudeste sinalizaram recuperação da economia no trimestre encerrado em agosto, com avanço de 4,3% no período, após queda acentuada, de 6,8%, no trimestre anterior até maio – sinalizando que a recuperação ainda não foi total.

"O aumento gradual da mobilidade social permitiu retomada da indústria e do comércio e, em menor medida, do setor de serviços, com reflexos positivos sobre o mercado de trabalho", observou. O BC adiciona que a trajetória de dados mais tempestivos – como os de consumo de energia elétrica e vendas com cartão de débito – "sugere que a economia continuou o processo de recuperação em setembro e outubro, embora com alguma acomodação na margem (em relação ao mesmo período imediatamente anterior)".

No Sul, com avanço de 5,1%, os principais indicadores corroboram recuperação gradual da economia, em linha com a evolução relativamente mais positiva da crise sanitária, após a queda de 7,1% em maio, segundo os dados do BC.

"Os processos de retomada, estimulados por medidas fiscais e creditícias, mostram-se distintos entre os setores, e com baixa intensidade no mercado de trabalho. A despeito da evolução na margem, a atividade permanece em patamar deprimido" – o IBCR-S contraiu 2,5% em relação ao intervalo pré-crise, segundo o documento.

Após o recuo de 7,1% em maio, o Nordeste apresentou avanço de 2,8% no trimestre encerrado em agosto. Segundo os dados do relatório, a região apresenta a maior retração comparativamente ao período pré-pandemia. Além disso, a atividade do trimestre encerrado em agosto "recuperou parcialmente a retração ocorrida no trimestre anterior, favorecida pelo aumento de mobilidade e reabertura de atividades
econômicas, pela recomposição da renda decorrente do auxílio emergencial e pela expansão do crédito".

 

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