ECONOMIA

Governo aposta em crescimento do PIB em 3,2% no ano que vem

Ministério prevê alta de 8,3% do PIB no 3º trimestre e reduz estimativa de retração da economia em 2020. Injeção de R$ 110 bilhões com o auxílio emergencial e outros programas devem manter impulso à atividade no início de 2021

Rosana Hessel
postado em 18/11/2020 06:00
 (crédito: Danilson Carvalho/CB/D.A Press)
(crédito: Danilson Carvalho/CB/D.A Press)

O Ministério da Economia melhorou as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, mudando a expetativa de queda de 4,7% para 4,5%, e manteve em 3,2% a estimativa de crescimento em 2021. A pasta ainda minimizou as preocupações do mercado com o risco de uma segunda onda de covid-19, como a que vem atingindo a Europa.

As novas previsões da SPE estão em linha com as estimativas do mercado, que projeta queda de 4,6% no PIB deste ano. A pasta ainda prevê avanço de 8,3% no PIB do terceiro trimestre sobre os três meses anteriores, puxado por indústria (com alta de 11,3%) e serviços (8%). A projeção do órgão para a inflação deste ano passou de 1,8% para 3,13%. Para o ano que vem, a previsão é de 3,23%.

Na avaliação do secretário de Políticas Econômica, Adolfo Sachsida, “a retomada (da economia) está bastante endereçada”, porque há R$ 110 bilhões em recursos de auxílios emergenciais e de preservação de emprego que devem ser injetados na economia até janeiro de 2021. “Temos valores suficientes para garantir a tração e a retomada econômica”, disse. “Nossos dados mostram que vamos retomar em meados de dezembro a patamares pré-covid”, acrescentou.

Críticas

Os dados da SPE sobre o PIB e a declaração de Sachsida minimizando os riscos de uma segunda onda da covid-19 chamaram a atenção de especialistas, que sugeriram mais cautela. “É difícil afirmar que não vai ter segunda onda. E não existe base política para o país voltar aos níveis de isolamento de março e de abril. A sociedade não aceitaria. Basta andar pelas ruas e ver que muita gente não respeita as restrições atuais”, alertou o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otávio de Souza Leal. Para ele, o que vai determinar uma retomada mesmo é o avanço da produção de vacinas.

Na avaliação de Leal, o mais preocupante é a questão fiscal, que se resume no governo concluir o debate do Orçamento de 2021, que ainda nem começou no Congresso, que vai ou não permitir o rompimento do teto de gastos. “O risco fiscal é um ou zero. Não vai ter meio termo. Ou o governo faz um orçamento equilibrado, respeitando o teto, ou vamos ter uma nova crise financeira”, alertou. Para ele, o mercado ainda não está precificando o estouro do teto, mas “um aumento da possibilidade de isso acontecer”. “Caso isso ocorra, o dólar em R$ 6 vai ser o piso”, avaliou.

Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), considerou o cenário do governo “muito otimista”. “Os riscos são elevados. Há um problema que começa a preocupar no balanço de pagamentos, no câmbio e no lado fiscal. A inflação não alarma, por ora. Mas a questão da retirada de estímulos precisa ser melhor explicada”, afirmou.

Para Salto, o governo precisa ser mais claro sobre que rumos pretende tomar para evitar um cenário em que a dívida pública bruta continuará crescendo e ficando acima de 100% do PIB, pelo menos, até 2030. “O essencial é que se anunciem duas coisas: o que será feito do orçamento no ano que vem, com transparência, é um plano para reequilibrar a dívida a média prazo. Isso não há até agora. A situação se agrava de maneira preocupante”, destacou.

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