Conjuntura

Cada vez mais digital, Caixa tem 2,3 mil funcionários no PDV

Banco quer economizar R$ 980 milhões por ano com redução do quadro e desocupação de 100 imóveis. Lucro de R$ 2,6 bilhões no terceiro trimestre foi 67% menor do que no mesmo período de 2019, mas avançou 1,7% em relação ao trimestre anterior

Marina Barbosa
postado em 26/11/2020 06:00
 (crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
(crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Cada vez mais focada nos serviços digitais, a Caixa Econômica Federal pretende reduzir as despesas com pessoal e patrimônio em R$ 980 milhões por ano. Para isso, deve entregar 100 prédios nos próximos dois meses e desligar 2,3 mil funcionários que se inscreveram no último Plano de Demissão Voluntária (PDV) do banco.

O saldo do PDV, que foi lançado no início deste mês com o objetivo de atingir até 7,2 mil colaboradores que estão perto da aposentadoria, ou gostariam de deixar o banco, foi apresentado, ontem, pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães. “Lançamos o PDV e 2,3 mil aderiram. “Dá uma economia recorrente da ordem de R$ 580 milhões por ano”, informou.

Apesar de aquém do esperado pelo banco, o volume de adesões preocupou a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae). A entidade explica que 17 mil bancários já saíram da Caixa desde 2014. Com isso, o quadro de pessoal caiu de 101,5 mil para 84 mil funcionários, e o número de contas por empregado subiu de 693 para 1.519.

“A Fenae está preocupada com a saída dos trabalhadores sem uma indicação da Caixa de que irá contratar mais trabalhadores. Sem contratações, as condições de trabalho dos empregados só vão piorar”, disse o presidente da Fenae, Sergio Takemoto. Ele teme que “a falta de trabalhadores pode vir a prejudicar o atendimento à população neste momento de pandemia”.

Imóveis

A Caixa também projeta uma economia anual de R$ 400 milhões com patrimônio a partir de 2021. A ideia é entregar 100 dos 178 imóveis que não são próprios ou alugados pela Caixa atualmente. “E essa devolução será nos próximos dois meses”, ressaltou Guimarães, lembrando que a instituição já devolveu outros 50 imóveis. “Esses dois movimentos geram uma economia, uma redução de despesas, de pessoal e outras administrativas, de R$ 980 milhões por ano”, destacou.

Segundo o balanço do banco, as despesas administrativas e de pessoal subiram a R$ 8,4 bilhões no terceiro trimestre deste ano. A cifra foi apontada, inclusive, como uma das responsáveis pelo resultado no período, quando o banco contabilizou um lucro líquido ajustado de R$ 2,6 bilhões.

A cifra é 67,1% menor do que a registrada no mesmo período do ano passado, mas aponta um crescimento de 1,7% em relação ao segundo trimestre, que foi o mais atingido pela pandemia de covid-19 no Brasil.

Guimarães explicou que, nos últimos meses, a Caixa teve um “desembolso maior” por conta do pagamento do auxílio emergencial, que exigiu a abertura das agências em fins de semana e o pagamento de horas extras para quase 37 mil bancários.

A pandemia também exigiu um aumento das provisões e reduziu a margem financeira do banco, apesar de as receitas com serviços já apresentarem um sinal de recuperação em relação ao segundo trimestre, graças ao aumento dos financiamentos imobiliários, do crédito consignado e dos empréstimos às empresas, bem como das vendas de seguros.

Para o presidente da Caixa, “o resultado foi consistente e forte, demonstra uma melhora do ponto de vista operacional muito relevante e uma redução do nível de provisionamento”. Ele também frisou que a “rentabilidade está absolutamente coerente com o banco da matemática e com o banco social”.

Ao Correio, o executivo assegurou que a Caixa não vai fechar agências nos municípios em que é o único banco com atendimento presencial. De acordo com ele, podem ser feitos ajustes na rede de atendimento apenas onde o banco tem muitas agências. A instituição ainda avalia a possibilidade de abrir pontos “objetivos” de atendimento em locais em que a população só conta com o apoio financeiro das lotéricas.

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Aplicativo pagará Bolsa Família

O Bolsa Família vai passar a fazer pagamentos digitais, como os do auxílio emergencial, a partir do próximo mês. A migração será feita de forma gradual, entre dezembro e março, por meio do aplicativo Caixa Tem. Os brasileiros que não conseguirem usar o aplicativo, contudo, poderão continuar sacando o benefício nas agências da Caixa Econômica Federal e nas casas lotéricas.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, informou ao Correio que as contas digitais dos 19 milhões de beneficiários do Bolsa Família já estão prontas. São contas semelhantes às que foram abertas para os pagamentos do auxílio emergencial nos últimos meses: poupanças sociais digitais que podem ser movimentadas gratuitamente pelo Caixa Tem.

No aplicativo, é possível fazer transferências, pagar contas e fazer compras, o que reduz a necessidade de ir às agências para sacar o benefício. Por isso, o governo decidiu estender a experiência para cerca de 35 milhões de brasileiros que recebem benefícios como o Bolsa Família, o seguro-desemprego e o abono salarial de forma presencial. A migração começa em dezembro com o Bolsa Família. (MB)

 


"A gente vai começar com calma. O processo vai ser sempre migrando de quem tem mais informações para quem tem menos. No Bolsa Família, milhões de pessoas já têm conta poupança na Caixa"
Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal

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