Bolsa fecha novembro com alta recorde

Marina Barbosa
postado em 30/11/2020 23:20

Apesar de ter caído 1,52% ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo teve um dos melhores meses da história em novembro. O Ibovespa subiu 16,12% no mês, influenciado pelo otimismo que tomou conta dos mercados diante do avanço das vacinas contra a covid-19 e do resultado das eleições americanas. Com isso, o dólar caiu 6,82%, a R$ 5,34.

O Ibovespa começou novembro aos 95,3 mil pontos. Porém, só registrou cinco dias de queda ao longo do mês e fechou ontem aos 108.893 pontos, na maior alta mensal desde 2016. “A vitória de Biden e as notícias sobre as vacinas contra a covid-19 deixaram o mundo inteiro com um pouco mais de apetite por aplicações de risco. E o Brasil, que estava muito desvalorizado, acompanhou esse movimento”, explicou o economista-chefe da Nova Futura Investimento, Pedro Paulo Silveira.

Segundo a estrategista-chefe da Rico Investimentos, Betina Roxo, também contribuiu para esse resultado a realocação de investimentos que estavam em empresas de tecnologia para setores mais tradicionais, como petróleo, bancos e companhias aéreas, que têm peso importante no Ibovespa. Além disso, o investidor estrangeiro trouxe R$ 31 bilhões para a bolsa brasileira em novembro, um recorde para a série histórica mensal da B3, que teve início em 2007, e ações de empresas como Petrobras (35%), Vale (28%), Azul (68%), Gol (49%) e Santander (23%) ficaram com boa parte disso.

Com o fluxo de capital, o dólar registrou a maior queda mensal dos últimos dois anos. A moeda caiu 6,82% em novembro, apesar de ter fechado o pregão de ontem com alta de 0,4%. No mês, saiu da casa dos R$ 5,75 para R$ 5,34 — patamar que, segundo analistas, não deve mudar muito até o fim do ano, já que as incertezas sobre as contas públicas brasileiras continuam.

Economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack lembrou que os ganhos de novembro não anulam as perdas sofridas pela bolsa na pandemia. Hoje, o Ibovespa está 5 mil pontos abaixo do patamar de janeiro, com uma desvalorização de 5,8% no ano. “Lá fora, muitos mercados já andaram bastante desde o início da crise até agora. Porém, o Brasil ainda tem espaço para se recuperar”, pontuou.

Para ela, os investidores seguem aguardando uma definição sobre a trajetória das contas públicas brasileiras em 2021. Mas os analistas acreditam que o Ibovespa pode fechar o ano no azul, já que a distância ao patamar pré-pandemia agora é pequena. “Dezembro é um mês de otimismo no mercado. Assim, podemos zerar as perdas da pandemia neste ano, a não ser que ocorra uma grande deterioração do cenário político e fiscal”, observou Camila.

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