EUA

Diversidade na economia

Joe Biden aposta na nomeação de mulheres e afrodescendentes para ocupar cargos fundamentais para a recuperação do país, que tem registrado aumento no desemprego e crescimento desacelerado. Nomes da equipe ainda precisam ser aprovados pelo Senado

Correio Braziliense
postado em 30/11/2020 23:25
 (crédito: Mark Makela/AFP)
(crédito: Mark Makela/AFP)


Depois de fazer história ao escalar Kamala Harris, de ascendência afro-americana e sul-asiática, para sua chapa na corrida pela Casa Branca, o presidente eleito dos Estados Unidos Joe Biden continua apostando na diversidade de seu futuro governo. Ontem, ele confirmou Janet Yellen, 74 anos, à frente do Departamento do Tesouro, um cargo que, em mais de dois séculos de existência, jamais foi ocupado por uma mulher. O vice de Yellen será Wally Adeyemo, um advogado nascido na Nigéria, ex-assessor de segurança nacional e atual presidente da Fundação Obama.

“Essa é a equipe que (...) nos ajudará a reconstruir nossa economia melhor do que nunca”, disse, em nota, Biden, que será investido no cargo em 20 de janeiro. Os Estados Unidos, país com o maior número de mortes por covid-19, enfrentam um desemprego de 6,9%, o dobro do que tinham antes da pandemia. E o crescimento econômico deste terceiro trimestre, de 2,9%, segue abaixo do registrado nos mesmos meses de 2019.

Além de Yellen, três mulheres foram nomeadas para cargos econômicos importantes, disse a equipe de transição do democrata. Neera Tanden, presidente do think tank Centro para o Progresso Americano, vai chefiar o Escritório de Administração e Orçamento da Casa Branca, sendo a primeira sul-asiática-americana a ser eleita para o cargo. Embora Biden tenha elogiado a trajetória de Tanden, ex-assessora de Hillary Clinton durante a campanha de 2016, a indicação, que não conta com o apoio unânime dos democratas mais progressistas, pode ser bloqueada no Senado, com os republicanos já se manifestando contra.

A afro-americana Cecilia Rouse, reitora da Escola de Assuntos Públicos e Internacionais da Universidade de Princeton, foi escolhida para presidir o Conselho de Consultores Econômicos do Presidente (CEA). Heather Boushey, descrita como uma “economista eminente” e especialista em desigualdade, também foi eleita para o CEA, com Jared Bernstein, amiga de Biden que o aconselhou quando era vice-presidente de Obama.

O presidente eleito disse que sua equipe econômica representa a diversidade da América. “É composta por servidores públicos respeitados e inovadores, que ajudarão as comunidades mais afetadas pela covid-19 e enfrentarão as desigualdades estruturais em nossa economia”, disse.

Desafios

“Estamos enfrentando grandes desafios como país no momento”, escreveu Janet Yellen no Twitter, após saber sobre a sua nomeação. O nome da economista ainda precisa receber sinal verde do Senado. Uma prioridade absoluta para ela será obter a aprovação no Congresso de um novo plano de ajuda para os mais atingidos pela pandemia, quando expirar o enorme pacote de estímulo econômico aprovado em março.

Mas isso pode ser difícil, pois ainda não se sabe se os democratas vão controlar o Senado em janeiro, ao contrário do que aconteceu quando Barack Obama assumiu o cargo em 2009, em meio à crise financeira. “Para nos recuperarmos, devemos restaurar o sonho americano, uma sociedade onde cada pessoa possa desenvolver seu potencial e sonhar ainda mais para seus filhos”, tuitou Yellen. “Como secretária do Tesouro, trabalharei todos os dias para reconstruir esse sonho para todos.”

Vários cargos importantes na formulação de políticas econômicas, como o representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) e o secretário de Comércio, ainda não foram anunciados. Essas nomeações são aguardadas com ansiedade no exterior, já que o governo Donald Trump travou uma guerra comercial com a China e abalou as relações comerciais com os principais aliados dos EUA.

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Vitória em mais dois estados


O estado do Arizona certificou oficialmente, ontem, a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, consolidando o sucesso do democrata contra Donald Trump, que ainda não admitiu a derrota. “Hoje, assinamos a certificação das eleições de 2020 no Arizona”, tuitou Doug Ducey, o governador republicano do estado que ingressou no campo democrata pela primeira vez em quase 25 anos.

Biden obteve uma vitória estreita, por uma margem de 10.457 votos, em um estado em que votaram quase 3,5 milhões de eleitores. A secretária de Estado democrata do Arizona, Katie Hobbs, responsável pelas operações eleitorais, disse que a eleição foi “conduzida com transparência, precisão e justiça... Apesar de várias alegações infundadas em contrário”.

A certificação não significa necessariamente o fim dos recursos dos republicanos na Justiça, já que esse estado permite que os resultados sejam contestados mesmo depois de validados. A equipe de campanha de Trump tentou, até agora sem sucesso, dificultar o processo de certificação de resultados em estados-chave vencidos por Biden, desafiando-os no tribunal. O único estado que ainda não validou os resultados da eleição é o Wisconsin.

 

Covid-19: mais perto da proteção

 (crédito: Go Nakamura/AFP)
crédito: Go Nakamura/AFP


A vacina desenvolvida pela companhia californiana Moderna poderá ser aplicada em milhões de norte-americanos até a segunda metade de dezembro. A empresa afirmou, em comunicado, que pediu autorização emergencial para aprovação do imunizante nos Estados Unidos e na Europa. Estudos preliminares de fase 3 apontaram 94,1% de eficácia da substância.

“Acreditamos que nossa vacina proporcionará uma nova ferramenta poderosa que pode mudar o curso dessa pandemia e ajudar a prevenir doenças graves, hospitalizações e mortes”, disse o CEO da Moderna, Stephane Bancel. A empresa espera ter cerca de 20 milhões de doses da vacina, chamada mRNA-1273, disponíveis nos Estados Unidos até o fim do ano. Em 2021, a companhia espera fabricar entre 500 milhões a 1 bilhão de doses globalmente.

A notícia veio depois que o imunologista Anthony Fauci, conselheiro da Casa Branca durante a pandemia, expressou seus temores enquanto milhões de viajantes estavam voltando para casa após o feriado de Ação de Graças. Os EUA são o país mais afetado pela pandemia, com 266.887 mortes por covid-19. O governo do presidente Donald Trump enviou mensagens contraditórias sobre o uso de máscaras, viagens e o perigo representado pelo vírus.

“Podemos ver um aumento após um aumento” nos casos em duas a três semanas, disse Fauci à CNN. “Não queremos assustar as pessoas, mas essa é a realidade.” A tendência parece perturbadora, observou Fauci e outros cientistas do governo, esperando mais viagens e reuniões de família por volta do Natal.

Além da vacina da Moderna, a mídia americana noticiou que as primeiras remessas do imunizante da Pfizer, uma das primeiras a alegar alta eficácia, chegaram aos EUA de um laboratório da empresa na Bélgica. A companhia solicitou autorização de emergência no país e deve recebê-la no próximo dia 10, relatou o Wall Street Journal.

Reconforto

O dia de Ação de Graças também trouxe boas notícias. Joseph Varon, um médico que trata pacientes com o novo coronavírus em um hospital do Texas, estava trabalhando em seu 252º dia consecutivo quando viu um idoso perturbado na unidade de terapia intensiva (UTI) da covid-19. O abraço reconfortante de Varon ao homem de cabelos brancos foi capturado por um fotógrafo da Getty Images e viralizou em todo o mundo. Varon contou que estava chegando à UTI quando viu o paciente fora da cama e perguntou por que ele estava chorando. O homem respondeu que queria ficar com a esposa. “Então eu apenas o seguro e o abraço. De repente, ele se sentiu melhor e parou de chorar”, relata o médico à CNN. Varon admitiu que não sobe como não “desmoronou” naquele momento. Segundo ele, o idoso poderá receber alta ainda nesta semana.

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