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Ibovespa volta a cair e fecha abaixo dos 107 mil pontos

Após voltar a patamar de março, dia foi de realização de lucros na bolsa brasileira. Otimismo com a eficácia da vacina da farmacêutica americana Pfizer não chegou aqui. Dólar subiu e foi a R$5,36

Após bater seu maior patamar de fechamento desde fevereiro na última terça-feira (17), o índice Ibovespa, principal da bolsa de valores brasileira, encerrou o pregão desta quarta-feira (18) em queda de 0,91% aos 106.267 mil pontos. O recuo ocorre em um contexto onde as preocupações com uma segunda onda de covid-19 crescem por aqui, com alta de 45% na média móvel de mortes dos últimos sete dias, em comparação com 14 dias atrás.

O dólar comercial, por sua vez, fechou em alta de 0,66%, vendido a R$ 5,36. Nos EUA, o que se viu foi um movimento semelhante nos índices, onde o Dow Jones e o S&P 500 tiveram, ambos, quedas de de 1,16. O país registrou mais de 161 mil novos casos de covid-19 entre a manhã de ontem (17) e a manhã desta quarta, totalizando 11,3 milhões de contaminações e mais de 248 mil mortes. Alguns estados, como Ohio, por exemplo, já restringem a movimentação das pessoas. Em Nova York, o prefeito da cidade já fala em fechamento das escolas públicas.

Na Europa, local onde a segunda onda chegou primeiro, causando quedas expressivas nas bolsas de todo o mundo, países como a Bélgica, França e Itália adotaram o lockdown para tentar conter o novo avanço do vírus. Mas isso parece não estar assustando tanto os investidores, que avaliam que, com a possibilidade de uma vacina crescendo, vale a pena assumir mais riscos. É o que explica Rafael Ribeiro, da Clear Corretora. Para ele, há uma sensação de que os estragos da contaminação na economia agora serão menores do que os do começo da pandemia.

“Tem a questão da vacina que está para sair. Então sabemos que tem um potencial grande de upside com a vacina. Há riscos de lockdown, mas dá pra entender que não vai ser a mesma proporção que a gente viu no começo. Vale a pena assumir risco agora, sabendo que vai ter vacina? Vale. O mercado tem tomado esse risco ao invés de se preocupar como lockdown”, diz ele.

Movimento normal  

Ribeiro classificou como normal o movimento da bolsa hoje, com realização de lucros e um otimismo sobre uma alta até o fim do ano. Vale lembrar que o Bank Of America divulgou uma atualização da sua pesquisa sobre as expectativas para a bolsa brasileira no fim de 2020. Cerca de 78% dos entrevistados vêem a bolsa acima dos 110 mil pontos este ano, o que, no mês passado, era cerca de 54%. Os que veem grandes possibilidades de a bolsa ultrapassar os 120 mil pontos foram 61%.

A projeção faz certo sentido, segundo o analista. “Se a gente pensar em 110 mil pontos, está logo ali. Tem sentido e eu também estou também acreditando nisso. É uma marca muito importante dentro do gráfico, representativa para o investidor. A gente tem informações positivas, com vacinas mais próximas da autorização. Temos também fluxo vindo forte para renda variável com entrada de estrangeiros. Agora, um movimento acima da máxima histórica de 120 mil pontos vejo como otimismo exagerado”, comenta.

Nos papéis, a queda foi puxada principalmente por ações de bancos, segundo Pedro Serra, gerente de Research da Ativa Investimentos. “O mercado brasileiro caiu pressionado pelas ações de bancos, se descolando das pequenas altas nas bolsas internacionais, que sobem com as notícias referentes as vacinas. Alguns destaques por aqui são Cogna (COGN3), que liderou as altas do dia, disparando 5,34%. Temos também altas expressivas em ações de companhias aéreas, a Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) que sobiram, respectivamente, 3,10% e 4,41%, impulsionadas pela eficácia de 95% da vacina da americana Pfizer contra o novo coronavírus”, explicou.

*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza