Política monetária

Ministro da Economia quer a moeda com autonomia do BC

Paulo Guedes diz que Banco Central precisa ser independente para evitar que alta transitória de preços não se torne aumento generalizado, o que significaria a volta da inflação

Em dois eventos virtuais, na manhã desta segunda-feira (23/11), o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a despolitização da moeda. Segundo ele, isso passa pela aprovação do projeto de autonomia do Banco Central. “Vamos trabalhar no que estamos de acordo, como a autonomia do Banco Central, para evitar que aumentos transitórios de preços se tornem altas generalizadas, o que se chama de inflação”, alertou.

Guedes participou de webinar da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) sobre a desestatização da Cedae (companhia de saneamento do Rio), e, em seguida, do 3º Encontro O Brasil Quer Mais, da Câmara de Comércio Internacional (ICC).

O ministro alertou que a despolitização da moeda é algo necessário para que erros do passado não se repitam. “É um sonho de 40 anos. Tivemos um presidente reeleito porque criou a cláusula da reeleição e depois soltou o câmbio”, disse, referindo-se a Fernando Henrique Cardoso, cujo governo só permitiu o dólar flutuante após a reeleição. “Teve presidente reeleito porque torceu o braço do presidente do BC e baixou os juros. Depois aumentou e a taxa foi para dois dígitos”, acrescentou, em referência ao governo de Dilma Rousseff.

“Despolitizar a moeda será um avanço institucional para o país. Já temos a cultura de estabilidade monetária, mas falta a lei. Por outro lado, temos a Lei de Responsabilidade Fiscal, mas falta a cultura de controle de gastos”, comparou. Segundo o ministro, as reformas “estão vindo”. “O grande desafio para 2021 é transformar essa recuperação cíclica baseada em consumo, numa retomada autossustentável do crescimento econômico com base em investimentos”, assinalou.

O investimento permitirá a ampliação da capacidade produtiva com aumento da produtividade e dos salários dos trabalhadores. “Só se faz isso com reformas. Vamos fazer a (reforma) tributária e reduzir os impostos sobre as empresas, simplificar os impostos, para o valor adicionado, e unificar com estados e municípios lá na frente. Voltamos das medidas emergenciais para reformas estruturantes”, disse.

Covid

O ministro comentou nos dois eventos que os casos de covid-19 estão caindo no país. Indagado sobre uma possível segunda onda, que já dá sinais em alguns estados, Guedes afirmou: “Se tiver segunda onda agiremos da mesma forma, com capacidade de decisão. Conhecemos os caminhos, já temos cada um dos brasileiros carentes digitalizados”. Mas reiterou que “a doença retrocedeu”.

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